20ª denúncia contra Cabral cita propina em obras emergenciais
Ex-governador do Rio é acusado de cobrar ‘vantagem indevida’ de construtora; defesa diz que não há provas
O Ministério Público Federal denunciou ontem novamente o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) por corrupção. Chega a 20 o número de acusações formais contra o emedebista (19 no Rio e uma em Curitiba). Desta vez, o ex-governador é acusado de cobrar propinas em obras realizadas pela construtora Oriente.
Também foram denunciados o diretor da construtora Geraldo André de Miranda Santos, o coordenador de licitações da empresa, Alex Sardinha da Veiga, o ex-secretário de Obras do governo Cabral Hudson Braga e o suposto operador Wagner Jordão.
De acordo com o Ministério Público Federal, pelo menos entre 2010 e 2014, por seis vezes, Cabral, por meio de Braga e Jordão, “solicitou e recebeu vantagem indevida (calculada, como regra geral, em 1% do valor faturado relativo às contratações realizadas) de Alex Sardinha da Veiga e Geraldo Miranda”.
A denúncia cita e-mail trocado entre Jordão e Sardinha, com o assunto “cálculos”, que menciona valores de “O2” relacionados à construtora. O termo “O2” se refere, segundo investigadores, à “taxa de oxigênio”, a propina. O esquema teria funcionado em obras denominadas “Baixada Litorânea”, “Emergência Araruama”, “Emergência Saquarema” e “Emergência Maricá II”.
Em dezembro, Cabral foi condenado pela quarta vez na Operação Lava Jato. As penas chegam a 87 anos. Em novembro, o ex-governador completou um ano na cadeia.
Defesas. O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou que a denúncia “se baseia exclusivamente nas palavras de delatores, não apresentando qualquer elemento de prova”. Uma funcionária da Oriente informou por telefone que a empresa está em recesso. O advogado de Hudson Braga, Roberto Pugliuso, disse que não se pronunciaria. As defesas dos outros denunciados não foram localizadas.