Bolsa sobe pelo nono pregão consecutivo e atinge novo recorde
Ibovespa fechou ontem acima dos 78 mil pontos, espelhando otimismo do exterior; risco Brasil voltou ao nível de 2014
Embalada pelos bons ventos vindos do exterior e pelas perspectivas de um ambiente doméstico mais favorável neste ano, a Bolsa fechou o nono pregão consecutivo em alta e o Ibovespa encerrou a sessão de ontem com uma valorização de 0,84%, aos 78.647,41 pontos, renovando também a sua pontuação máxima histórica.
Na opinião de analistas, a Bolsa brasileira espelhou o otimismo observado nos mercados internacionais, a começar pelo índice Nikkei, de Tóquio, que fechou acima dos 23 mil pontos pela primeira vez desde 1992. Em Nova York, os mercados renovaram máximas sucessivas durante o dia, com o Dow Jones superando os 25 mil pontos.
O apetite pelo risco fez os investidores estrangeiros alimentarem também o giro financeiro da Bolsa por aqui. O volume, que chegou a R$ 9,6 bilhões, é maior que a média da primeira semana do ano passado, que ficou em torno de R$ 5,6 bilhões.
Segundo a Bolsa, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 865,817 milhões no primeiro pregão de 2018, na última terça-feira. Na ocasião, o Ibovespa fechou em alta de 1,95%, aos 77.891,03 pontos.
Nesse ambiente favorável, as ações consideradas mais seguras do setor financeiro ganharam destaque no pregão de ontem, com Itaú Unibanco (PN) em alta de 2,08%, e valorização de 5,96% em janeiro, e Bradesco (PN) com 1,64% de ganho, e 4,36% no acumulado do ano.
Esse otimismo também fez a moeda americana à vista fechar na casa dos R$ 3,23, menor patamar em quase um mês. Essa foi a terceira queda consecutiva do dólar, que já acumula perdas de 2,45% desde o início deste ano.
Para Carlos Soares, analista de investimentos da Magliano Corretora, o fluxo puxado pelo mercado global teve apoio na divulgação de indicadores econômicos muito positivos, como os dados do indicador PMI de serviços da China, que veio reforçando a visão de que o país segue em ritmo de crescimento.
“O dado, juntamente com a ata do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), que não trouxe novidades, acabou refletindo no bom humor das bolsas europeias também.”
Marco Saravalle, da XP Investimentos, complementa que “o cenário global está jogando a favor e, por falta de notícias da política, os investidores conseguem olhar para os fundamentos, que mostram dados positivos e perspectivas de lucro”.
Risco menor. O risco Brasil medido pelo Credit Default Swap (CDS) – derivativo que protege contra calotes – caiu abaixo de 150 pontos ontem, o que não ocorria desde 2014. O CDS de 5 anos do País era negociado a 148 pontos, de acordo com relatório do Banco Fibra.
Segundo fontes do mercado, esse foi o décimo dia consecutivo de queda do indicador, sinalizando que a percepção de risco dos estrangeiros sobre o Brasil segue em trajetória de melhora.
O CDS do Brasil começou a subir em ritmo forte no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e superou os 500 pontos no final de 2015, um dos maiores níveis entre os emergentes. Em seguida, ficou acima do patamar de 400 pontos até o começo de 2016. Após o impeachment, começou a cair com a expectativa de que o novo governo faria o ajuste fiscal e outras reformas estruturais.
Na América Latina, a Venezuela tem o CDS mais alto, de 6 mil pontos. A Argentina também tem CDS acima do nível brasileiro, em 229 pontos. Entre os países com CDS abaixo do brasileiro, estão Colômbia (103), México (101), Peru (69) e Chile (47).