Pagamento não é ilegal, tampouco ético e republicano
Ocaso das emendas parlamentares – no governo Temer e em outros – traz, à memória, dois chistes feitos, geralmente, pelos economistas: o já clássico “não existe almoço grátis” (“there is no free lunch”) e, ainda, que, se “torturados, os dados podem revelar o que quisermos”.
Especificamente em relação ao atual governo federal, houve em 2017 o pagamento de R$ 10,7 bilhões – um aumento de 48% em relação a 2016 e 68% se comparado com 2015.
As cifras, aqui, apresentam claramente a conjugação dos dois chistes acima. Temer liberou mais dinheiro na contenda política para barrar as denúncias que poderiam afastá-lo da Presidência e, por isso, o pedido da Procuradoria-Geral da República não teve autorização da Câmara dos Deputados para prosseguir no Supremo Tribunal Federal (um almoço assaz caro!).
As emendas parlamentares são impositivas – ou seja, desde que aprovadas, o governo tem o dever de pagá-las. Contudo, ele também pode priorizar algumas e atrasar o pagamento de outras.
No presidencialismo, esse poder está nas mãos, na caneta, do chefe do Executivo. Não é ilegal, ao que tudo indica, mas não pode ser considerado nem ético nem republicano. Em momento de recuperação de uma forte e dolorosa crise econômica, esses recursos, das emendas, foram usados até para o custeio de shows.