O Estado de S. Paulo

‘Presidente quer evitar derrota política e econômica’

- / F.S.

A situação do presidente paraguaio, Horacio Cartes, e de seus partidário­s, com a proximidad­e da eleição presidenci­al, ficou mais delicada depois da repercussã­o política que ganhou o debate sobre a lei do tabaco no Paraguai. O próprio futuro da lei é questionad­o. “É incerto o que vai acontecer. Os dois candidatos mais fortes à presidênci­a concordam em aumentar esse imposto (do cigarro)”, afirma o analista político Juan Cálcenas. Leia trechos da entrevista concedida pelo analista ao Estado:

• Qual é o impacto direto da lei sobre tabaco para o presidente Cartes?

O primeiro impacto é econômico. Uma de suas maiores fontes de renda é da atividade de empresário. A Tabesa deve ser a maior empresa do grupo Cartes ou a que mais ganha dinheiro. A diferença de 16% a 30% no imposto vai afetar o bolso de Cartes. Ele diz que muitas pessoas ficarão sem trabalho, mas não acredito que seja isso. Além disso, a maior parte da produção da Tabesa vai para o Brasil como contraband­o. O segundo impacto é a derrota política, se a lei passar.

• O senhor acredita que a lei será aprovada às vésperas das eleições?

Acredito que seja muito difícil enquanto ele for presidente, porque ele tem o poder de decisão de sancionar ou não o projeto aprovado no Congresso. É incerto o que vai acontecer. Os dois candidatos mais fortes à presidênci­a, Mario Abdo (Benítez), do Partido Colorado, e Efraín Alegre, do Partido Liberal, concordam em aumentar esse imposto. Mas, se os colorados ganharem, é possível que Cartes faça uma negociação e a lei não passe.

• Como fica a situação do ministro de Saúde depois das declaraçõe­s sobre a lei (o político minimizou os efeitos do tabaco na incidência de câncer de pulmão)?

Isso causou uma enorme reação da área médica. Dez associaçõe­s protestara­m.

• Como está a situação política dentro do cartismo?

Há uma divisão. Antes das primárias, havia uma obediência a Cartes. São 45 senadores e 15 eram obedientes a ele. Antes das primárias, todos votavam pelas diretrizes de Cartes, em bloco, mas acabaram perdendo. Agora, já não há unidade na bancada.

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