Dá para confiar em Michael Wolff?
Antes mesmo do lançamento, na sexta-feira, o livro Fire and Fury, de Michael Wolff, provocou a ruptura entre Donald Trump e seu ex-estrategista Steve Bannon, além de despertar frêmitos com revelações inéditas sobre as motivações de Trump, seu estilo de governo e sua atuação diante da investigação da interferência russa na campanha eleitoral. O problema é separar os fatos da ficção, atividade que consumirá Washington nas próximas semanas.
Wolff tem um talento natural para conquistar a confiança de magnatas, banqueiros e celebridades. Não é coincidência que as portas do reality show da Casa Branca tenham sido abertas logo para ele. Mas seu trabalho está longe de ser unanimidade. Sofre críticas severas desde que emergiu, na época da bolha da internet, como misto de empreendedor digital fracassado e cronista dos costumes no universo que reúne tecnologia, comunicação e negócios.
Depois que lançou Burn Rate, sobre a bolha digital, previu de modo certeiro o naufrágio da fusão entre AOL e TimeWarner. Consolidou sua fama como uma espécie de mestre das fofocas da elite nova-iorquina, primeiro na New York, depois na Vanity Fair, finalmente na Hollywood Reporter. Tem mesa reservada nos melhores restaurantes, acesso aos protagonistas e sempre produziu textos mordazes, que lhe renderam o epíteto “piranha alfa na lagoa da mídia”.
A seu talento para conquistar as personalidades e para escrever, infelizmente, não corresponde o cuidado necessário com a qualidade da informação. São corriqueiras contestações, mais ou menos graves, ao que publica ou a suas práticas jornalísticas