Espanhol escolhe o Brasil e sonha com os Jogos de Tóquio
Filho de mãe brasileira, Carlos Robles faz dupla com Marco Grael e espera representar o País na classe 49er
Carlos Robles é um dos poucos velejadores do mundo que teve a chance de treinar com Robert Scheidt e que forma parceria com um Grael, sobrenome famoso da vela brasileira, na classe 49er. Ele faz dupla com Marco, irmão da campeã olímpica Martine e filho de Torben, um dos maiores nomes da modalidade. E toda essa vivência com ‘lendas’ do esporte surgiu por persistência do rapaz.
Nascido na Espanha, Robles tem mãe brasileira. “Meu avô veio para cá quando tinha 18 anos e morou em São Paulo por 50 anos. Então, seus filhos, que são todos brasileiros, voltaram para a Espanha depois dos 20 anos. Meu pai é espanhol, sempre morei lá, mas tenho dupla nacionalidade e foi uma opção velejar pelo Brasil. Tive problema na Espanha para encontrar parceiros ou alguém com os mesmos objetivos que eu”, conta o atleta, que tem o sonho de chegar aos Jogos de Tóquio.
O contato com Marco Grael foi feito e ele recebeu o convite para treinar no Rio. Seu parceiro tinha disputado os Jogos de 2016, ao lado de Gabriel Borges, que decidiu velejar com Scheidt. “Falei com o Marco,
ele disse para eu vir para o Rio, para testar a dupla, e deu certo”, diz. “Ele aprendeu a velejar quando tinha 5 anos e com um dos melhores professores do mundo, que é seu pai, o Torben. Eu aprendo muito com ele, um velejador bem experiente.”
A dupla também passou um tempo na Itália, treinando com Scheidt – o velejador já descartou continuar na caminhada olímpica na 49er. “Foi muito bom. Treinávamos juntos lá no lago de Garda e era um treino muito produtivo, aprendendo com um cara que é uma lenda”, afirma. “Na vela só vai um para a Olimpíada, mas acho que ainda era muito cedo para ter rivalidade. Era uma parceria de um ajudar o outro.”
No final de julho, Marco Grael e Carlos Robles vão tentar garantir a vaga do Brasil na classe 49er no Mundial de Vela, que será disputado em Aarhus, na Dinamarca. Esse é o principal objetivo da dupla, que em agosto ficou em 20.º lugar no Mundial, mas com apenas oito meses de treinamento. Para ter sucesso, Robles leva na memória uma importante lição que aprendeu com Scheidt. “É preciso nunca se dar por vencido. Esteja atrás, ou machucado, sempre tem de dar 100% até o fim. Inclusive nos treinamentos. Foi essa forma de ser que fez ele chegar tão longe”, conclui o rapaz, sedento por aprender com os melhores no Brasil.