Rendimento ajuda a recuperação das cadernetas
As aplicações em caderneta de poupança se recuperaram em 2017, com captação líquida anual de R$ 14,8 bilhões no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Passou, assim, o período mais difícil para as cadernetas, que sofreram saques líquidos de R$ 50,1 bilhões em 2015 e de R$ 31,2 bilhões em 2016. A evolução foi possível graças à captação de recursos observada no fim do ano, aliada ao aumento da competitividade das cadernetas, cuja remuneração está menos distante da que é proporcionada pela maioria dos fundos de investimento.
Os saldos das cadernetas do SBPE atingiram R$ 563,7 bilhões em 2017, superando em R$ 47,8 bilhões os de 2016. O crescimento das aplicações líquidas foi de quase R$ 15 bilhões em dezembro, mês sazonalmente mais favorável para a aplicação devido ao pagamento do 13.º salário a trabalhadores e aposentados.
Em 2017, a remuneração dos depósitos de poupança foi de 6,61%, superando largamente a inflação estimada em menos de 3%. Em 2016, as cadernetas já haviam proporcionado renda real aos poupadores, mas em níveis menores (1,8%). É mais difícil prever a renda real das cadernetas em 2018, pois as estimativas de inflação oscilam ao redor dos 4% e a remuneração corresponderá a 70% da taxa Selic. Em janeiro de 2018, as cadernetas renderão cerca de 0,4%.
Os recursos das cadernetas do SBPE destinam-se majoritariamente ao financiamento de imóveis. Após um triênio de menor procura por crédito, a captação mais forte das cadernetas poderá favorecer um aumento da oferta de financiamento dos bancos privados em 2018. Em 12 meses, até novembro de 2017, o SBPE financiou a compra ou construção de apenas 181,5 mil imóveis, contra um máximo de 538,3 mil financiamentos em 2014. O montante financiado foi de R$ 44,8 bilhões, 40% inferior ao registrado em 2014.
A retomada da economia contribuirá para o aumento da demanda de crédito e, portanto, para maior atividade do setor. Com a redução do custo de captação das cadernetas e também do juro básico, a tendência é de que se acentue a queda das taxas cobradas dos mutuários, tornando o crédito acessível a um número maior de trabalhadores. A estabilidade dos preços dos imóveis será relevante, mas o fator crítico para a retomada será a confiança dos mutuários na preservação do emprego e da renda.