TRADIÇÃO APRENDIDA AOS 5 ANOS
Foram 16 anos sem fabricar uma única peça de queijo. Desde que o pai morreu, no fim da década de 90, Carlos Henrique Soares preferiu vender o leite a fabricar o queijo. Não era por falta de gosto, mas por uma questão financeira, já que o preço do queijo era muito baixo. “Naquela época não valia nada.”
Na sua família, a tradição começou com o bisavô. Soares lembra que, aos cinco anos, aprendeu com o avô a fazer o “merendeiro” (queijo menor e mais baixo que o tradicional) para vender. “Ele fez um banquinho para eu alcançar a bancada. Foi aí que tomei gosto pela coisa”, conta Soares, que voltou a fazer queijo em julho de 2015.
Nessa época, o filho Henrique Vieira Soares estava estudando em Bambuí, cidade vizinha de São Roque de Minas, e voltava só nos fins de semana. Foi nessas idas e vindas que o filho também se encantou pela tradição. Contra a vontade dos pais, ao fim do curso técnico de agropecuária, ele decidiu ficar na fazenda e abandonar – pelo menos por ora – os planos de estudar veterinária. “Fui criado aqui e tenho muito orgulho disso tudo”, afirma Henrique, que hoje tem 18 anos e ao lado do pai é responsável pela produção do queijo Capão Grande, já reconhecido em vários locais do País.
Enquanto o marido e o filho ficam na produção, Solange Vieira Soares, de 49 anos, é a “cabeça” por trás do marketing e das vendas do queijo canastra. Professora, ela tirou licença de dois anos em 2015 e está prestes a voltar ao trabalho. “Mas ainda não sei se quero retomar a profissão. Gostei muito desse universo.”
Ela conta que o queijo Capão Grande começou a ganhar visibilidade por acaso. “Um dia o dono de um novo empório de Campinas errou o caminho e bateu aqui na fazenda procurando o Zé Mário (um dos produtores mais tradicionais da região). Eu aproveitei e disse que também vendíamos queijo. Ele experimentou e disse que voltaria. E voltou. Desde então estamos crescendo”, diz Solange, que montou na fazenda um agradável ambiente para receber os turistas que aparecem por lá para comprar queijo.