Busca por estilo de vida saudável estimula empresas
Da alimentação a cursos de exercícios físicos, opções do segmento refletem o comportamento moderno
Fã de produtos orgânicos há décadas, a empresária Leila Oda tinha dificuldade para encontrar tudo o que precisava para café da manhã, almoço e jantar em um só lugar. Ao fazer as compras para abastecer a despensa, era sempre necessário passar em quatro ou cinco lojas diferentes.
Foi assim, há quatro anos, que ela percebeu uma oportunidade de negócio e começou a planejar um empório de alimentos saudáveis, o Terra Madre, que hoje é uma franquia de 17 unidades, em cinco Estados.
Menos de 10% dos brasileiros têm uma dieta saudável, com a quantidade de frutas, verduras e legumes recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2016. O mau desempenho nacional na qualidade das refeições é visto pelos empresários do setor como uma oportunidade para expandir o mercado, o que pode abrir caminho para novos negócios.
A receita da Terra Madre para se manter em crescimento mesmo durante a recessão econômica tem como ingredientes uma oferta diversificada de produtos, parcerias com produtores locais em cada unidade e controle rígido da qualidade na cadeia de fornecimento.
Nos últimos anos, o ramo de alimentação saudável teve desempenho melhor do que a média no setor de alimentos, segundo o gestor de negócios da Terra Madre, Hugo Cezar.
“O mercado de alimentação saudável não chegou a entrar na recessão, teve só um crescimento desacelerado”, diz Cezar. A percepção de que havia uma demanda reprimida pelo produto fez a empresa apostar em novas lojas. “Continuamos tendo um pouco de crescimento, e foi um dos motivos de optarmos por esse investimento.”
O interesse do público pela culinária saudável e pelo bemestar é também o que move a
Namu Cursos, que oferece cursos online. Hoje, a plataforma tem videoaulas em três categorias: alimentação saudável, ioga e pilates. Com 33 cursos, o serviço ultrapassou a marca de 10 mil alunos desde o lançamento, há cerca de um ano e meio.
Quem comprar as aulas pode acessá-las durante três anos, para praticar quando quiser. Entre as três categorias, a culinária
é a que gera mais interessados e alunos inscritos, segundo informa a empresa.
Alimentação. “Há bem menos iniciados em ioga e pilates como exercício físico do que pessoas procurando alimentação mais saudável, então é natural que essa categoria se destaque um pouco mais”, afirma o gerente de marketing do Namu, Lucas Lamas.
Para este ano, a empresa planeja inaugurar a categoria fitness com exercícios físicos, um nicho que tem mais procura na plataforma e pedidos de alunos. “Naturalmente, as pessoas relacionam bem estar físico com exercícios fitness, que é muito parecido com algum treino que se faz na academia.”
Mudanças no estilo de vida do brasileiro, mais consciente sobre os efeitos da alimentação na saúde, são citadas com frequência por especialistas e empreendedores do setor.
“O avanço da medicina comprova que a forma como nos alimentamos está relacionada à saúde”, defende o especialista em gestão empresarial Haroldo Matsumoto.
“Outro fator é o estilo de vida se leva hoje em dia , não só no Brasil como no mundo inteiro, com problemas, desafios, repetições. Isso acaba pressionando as pessoas e aumenta o nível de estresse. Existe uma tendência muito grande de encontrar uma válvula de escape, então é um negócio promissor.”