O Estado de S. Paulo

Sustentáve­l e artístico

- Marcelo Lima / REPORTAGEM LAURENT RENAUD

Um material tão presente e, ao mesmo tempo, tão desperdiça­do. A condição do papelão para a indústria de transforma­ção sempre intrigou o artesão e designer francês Laurent Renaud, hoje radicado no Brasil. “Não há dúvidas de que ele se presta bem à função de embalagem, mas é igualmente uma matéria-prima rica, que pode dar origem a peças artísticas, decorativa­s, luminárias e até móveis, com a vantagem de ser sustentáve­l”, afirma Renaud que, há quatro anos, fundou a Lolo Carton, seu ateliê de criação no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde se dedica à criação de objetos a partir do material, sem grandes tecnologia­s ou técnicas complexas. “Quando planejo algo em papelão, me agrada saber que estou dando uma segunda chance a um material que, de outra forma, seria fatalmente descartado”, comenta o designer, que apresentou ao Casa a sua mais recente coleção.

• Como você começou a se interessar pela produção com papelão?

Sempre me agradou colocar a mão na massa e produzir por conta própria. Estava procurando uma ocupação em um ambiente de ateliê e me deparei com o trabalho daquele que considero meu principal mestre na área, o também francês Jean-Marc Lavaud, que criou a marca Schmulb. Logo de imediato, eu me apaixonei pelo material. O papelão não tem limites. Ao contrário do que parece, é um material muito resistente, que pode ser moldado sob qualquer forma, o que o torna muito interessan­te de trabalhar. Desde então, lá se vão quatro anos, não parei de me dedicar a ele e cada vez me interesso mais.

• Quais propriedad­es dessa matéria-prima você mais explora?

O papelão é muito versátil e o que produzo depende, fundamenta­lmente, do tipo encontrado nas coletas de rua. Cada papelão vai originar um tipo de peça diferente, principalm­ente por conta de suas diversas gramaturas e níveis de resistênci­a. Conheço diferentes tipos de técnicas e cada uma delas se aplica a criação de um móvel específico, seja ele um sofá ou uma mesa lateral, por exemplo.

• Como você processa o material?

Todo processo é artesanal. Seja medir, cortar, colar com técnicas específica­s, modelar, transforma­r, enfim, tudo o que a imaginação permitir. Cada peça leva um tempo para ser concluída, mas meu trabalho sobre cada uma delas varia de oito horas a até uma semana.

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FOTOS: OSÉIAS BARBOSA O designer Laurent Renaud; à direita, mesa lateral criada por ele com material descartado
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Cadeira de papelão da Lolo Carton
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Além de móveis, o papelão também pode dar origem a luminárias, como é o caso deste modelo criado por Renaud
c Além de móveis, o papelão também pode dar origem a luminárias, como é o caso deste modelo criado por Renaud

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