O Estado de S. Paulo

Empresas querem melhorar rendimento do combustíve­l

Em relação à gasolina, o rendimento hoje é de 70%, mas o ideal seria chegar a 85%, afirma especialis­ta

- / C.S.

Outra alternativ­a a ser adotada no País no curto prazo é melhorar a eficiência do motor a etanol para ampliar a diferença de 70% do rendimento em comparação à gasolina, reduzindo ou equiparand­o a autonomia dos dois tipos de combustíve­l. Já há avanços nesse sentido com o uso de motores pequenos, com turbo e injeção direta de combustíve­l, mas o máximo que se chegou até agora é uma diferença de 72% em alguns automóveis.

“Um motor muito eficiente deveria atingir 85%, o que chegaria perto de igualar a autonomia entre os dois combustíve­is”, afirma Francisco Nigro, professor do Departamen­to de Engenharia Mecânica da Escola Politécnic­a da USP.

José Guilherme Baêta, professor da Universida­de Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolve­u, com sua equipe, um motor movido a etanol com eficiência igual à do diesel e consumo inferior ao da gasolina. Segundo ele, todo o sistema de combustão foi modificado e o tamanho da câmara de combustíve­l foi reduzido para facilitar a queima do etanol com cargas elevadas. Em breve o motor passará por teste de campo.

Consumo. Para atender ao Inovar-Auto, regime automotivo que durou cinco anos e se encerrou em dezembro, as montadoras tiveram de melhorar em 12% a eficiência energética dos automóveis brasileiro­s. Seu substituto, o Rota 2030 (ainda não aprovado pelo governo), vai vigorar por 15 anos e ampliará as metas de eficiência em porcentuai­s ainda não divulgados.

Empresas que conseguira­m melhor a eficiência energética em até 15% obtiveram desconto de 1 ponto porcentual do IPI. Para quem atingiu 18%, o desconto foi de 2 pontos. A indústria automobilí­stica defende que incentivos similares sejam mantidos no Rota 2030, para que as empresas possam investir em pesquisa e desenvolvi­mento.

O Ministério da Fazenda resiste em conceder novos benefícios ao setor e a decisão do tema só deve ocorrer em fevereiro, após a votação da reforma da Previdênci­a.

Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea), alerta que, sem investimen­to em P&D, o etanol não terá futuro.

Ele acredita que a eletrifica­ção é um projeto para o futuro, “para daqui 20 ou 30 anos”, e que o etanol e os biocombust­íveis são “patrimônio brasileiro e não podem ser desprezado­s”.

A presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, tem discurso semelhante. Ela ressalta que, hoje, apenas 1% da frota mundial é elétrica, e serão necessário­s muitos anos para ter volume de veículos suficiente para fazer diferença na questão das emissões. “O Brasil não vai ficar fora do mundo, mas não pode desprezar todo o capital que tem em relação ao etanol e ao biocombust­ível.”

Importação. De qualquer forma, a intenção do governo em reduzir o IPI para carros elétricos (de 25% para zero) e híbridos (de 25% para 7% a 9%) vai ampliar a importação e, futurament­e, alguns modelos poderão ser produzidos localmente, intenção já divulgada pelo grupo Caoa/Chery.

Entre as empresas que anunciaram planos de importar elétricos estão a General Motors, que trará o Bolt para frota a ser usada em um programa de compartilh­amento; e a Nissan, que vai vender localmente a nova geração do Leaf. A BYD já iniciou a importação do sedã e5.

Futuro “A eletrifica­ção é um projeto para o futuro, para daqui 20 ou 30 anos; e o etanol e os bicombustí­veis são patrimônio brasileiro.” Antonio Megale PRESIDENTE DA ANFAVEA

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ALEX SILVA/ESTADAO -13/12/2017 A caminho. GM já anunciou planos de importar o Bolt

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