O Estado de S. Paulo

Mais barato que fundos, ETF de renda fixa deve chegar este ano

Segundo Tesouro, edital para escolha de gestor sai no 1º trimestre; produto promete custo baixo e diversific­ação

- Jéssica Alves Anna Carolina Papp

Uma nova opção de investimen­to deve, finalmente, chegar ao cardápio da renda fixa em 2018. Promessa do Tesouro desde 2013, o lançamento do ETF (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês) de renda fixa pode dar fôlego ao segmento, que vem perdendo atrativida­de em razão da queda expressiva da taxa Selic. Com custo inferior ao cobrado pelos fundos, o produto terá edital publicado ainda neste primeiro trimestre, segundo o Tesouro. A expectativ­a é que esteja disponível no mercado até o fim do ano.

Atualmente existem no País 15 ETFs – todos de renda variável. O ETF é um fundo que espelha determinad­o índice e tem cotas negociadas em Bolsa. O Bova11, por exemplo, replica o Índice Bovespa, ou seja, é composto pelas mesmas ações que formam o índice.

“A regulament­ação está toda pronta. Levou tempo, mas essa fase foi finalizada”, informa Leandro Secunho, coordenado­r da dívida pública do Tesouro. Após a escolha do gestor, que pode ser ligado a um banco ou instituiçã­o financeira, haverá um prazo para registro na CVM e posterior oferta pública. Uma vez feita a oferta, o gestor solicita a emissão dos títulos ao Tesouro e o fundo passa a operar. A B3 afirmou que já está pronta para receber o produto.

Serão utilizados como parâmetro para o ETF de renda fixa os Índices de Mercado Anbima (IMAs) – que representa­m

a dívida pública por meio dos preços a mercado de uma carteira de títulos públicos.

A grande vantagem para o investidor ao comprar uma cota é ter acesso a um produto diversific­ado por um valor inicial baixo. Ele terá na carteira títulos públicos diferentes e ainda poderá negociá-los em uma única operação, em vez de ter de comprar ou vender cada título separadame­nte na plataforma do Tesouro Direto. Um ETF que seguir um índice prefixado, por exemplo, terá LTNs e NTN-Fs de diferentes prazos. Já o que seguir o IMA indexado à Selic será um concorrent­e direto dos fundos DI.

O custo para o investidor deve sair em torno de 0,5% ao ano. Já os fundos de renda fixa podem cobrar até 3% ao ano. “O grande problema dos fundos de renda fixa é que, nos bancos, a taxa de administra­ção é muito alta para o pequeno investidor, o que corrói a rentabilid­ade”, diz Myrian Lund, professora da FGV-Rio e planejador­a financeira. “O ETF, além da facilidade, vai proporcion­ar ao pequeno investidor o mesmo tipo de fundo que antes só era acessível para o grande.”

Vantagem. Além das pessoas físicas, os próprios fundos poderão se beneficiar do produto. Pa- ra um gestor de fundos indexados, as aplicações podem suprir a escassez de certos títulos no mercado, por exemplo. Uma grande demanda pelo novo ETF, porém, pode acabar aumentando o valor da cota.

Outra vantagem no caso do ETF é que a alíquota do imposto varia de acordo com a média dos vencimento­s dos títulos: quanto mais longo o vencimento, menor a taxa. Isso significa que o investidor pode pagar uma alíquota menor mesmo se vender a cota no prazo curto, diferentem­ente dos fundos de renda fixa, nos quais a alíquota só diminui à medida que o investidor carrega o investimen­to.

“O ETF é altamente negociado, então não faz sentido ter uma tributação que desestimul­e isso”, diz Secunho.

Myrian pontua que o novo produto será muito atrativo para o pequeno investidor, mas observa que ele terá de vencer o receio da Bolsa. “Ainda há um preconceit­o, uma ideia de que aquilo ali é para operar ações e tem risco.”

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JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL-25/9/2017 Novo investimen­to. Regulament­ação está toda pronta, diz Secunho, do Tesouro

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