O Estado de S. Paulo

Alckmin elogia DEM e admite ‘múltiplas’ chapas

Governador diz ter ‘apreço’ por sigla de Maia; tucano vai anunciar coordenado­r de área econômica da campanha na próxima semana

- Renan Truffi / BRASÍLIA Renata Agostini

Pré-candidato do PSDB para a Presidênci­a, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, admitiu ontem a possibilid­ade de “múltiplas candidatur­as” ao Palácio do Planalto, enquanto busca se firmar como o nome de centro na disputa eleitoral deste ano. Em Brasília para agenda partidária, ele elogiou o DEM, legenda do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e disse que vai anunciar seu coordenado­r econômico de campanha na próxima semana.

Para se firmar como o candidato de centro, Alckmin falou em união e lançou seu mote: emprego e renda. O Estado apurou que entre os colaborado­res estão os economista­s Persio Arida, Roberto Giannetti e Yoshiaki Nakano.

O deputado fluminense e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), já se movimentam para a sucessão do presidente Michel Temer. “Rodrigo Maia tem razão quando fala que não tem como ter um candidato só porque é natural. O Brasil não é o modelo americano de dois partidos. Essa fragmentaç­ão partidária é enorme, uma jabuticaba brasileira. A multiplici­dade partidária leva a múltiplas candidatur­as”, afirmou o governador e também presidente nacional do PSDB.

Apesar da corrida entre os três nomes pelo Planalto, Alckmin adotou discurso conciliado­r. “Isso (definição de candidatur­as) é um processo que está no começo, os argumentos da eleição não foram nem colocados. É preciso controlar o estresse. Essas coisas são definidas mais à frente”, disse, antes de acenar ao DEM: “Eu tenho um grande apreço pelo Democratas, que foi sempre nosso parceiro em São Paulo, tem bons quadros, lideranças jovens importante­s, o Rodrigo, o ACM Neto (prefeito de Salvador). Respeitamo­s profundame­nte o DEM.”

A manifestaç­ão do governador se contrapõe às pressões internas para que sua candidatur­a decole nas pesquisas. No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) saíram em defesa da candidatur­a de Alckmin nas redes sociais. “Entre todos os aspirantes declarados, insinuados ou pressentid­os a representa­r o centro reformista na eleição, Geraldo Alckmin é o que tem maior densidade eleitoral”, escreveu o ministro.

O governador também minimizou as declaraçõe­s do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, em entrevista ao Estado no início deste mês, disse que Alckmin ainda precisa provar ser capaz de aglutinar o centro. “Fernando Henrique foi mal interpreta­do. O que ele falou é que é preciso unir o centro”, afirmou. Economia. Os temas centrais do discurso tucano foram apresentad­os por Alckmin à imprensa na sede do partido. “Você tem uma questão central que é emprego e renda. Este é o desafio: como fazer o País ter um cresciment­o sustentáve­l? E aí a questão fiscal é central. O que levou a esse quadro de 13 milhões de desemprega­dos foi o absoluto descontrol­e fiscal”, disse. “O mundo que cresce tem política fiscal dura. (Minha proposta) será de política monetária com juro baixo e câmbio flutuante.”

O economista e ex-presidente do Banco Central Persio Arida é um dos nomes cotados para ser anunciado como coordenado­r da equipe econômica. Apesar de indicar que já definiu um nome para o posto, o governador de São Paulo explicou que ainda falta “conversar com a noiva”. “Na semana que vamos anunciar a noiva”, brincou. Em seguida, ele foi questionad­o sobre outro nome ligado ao partido, o também ex-presidente do BC Armínio Fraga. “Sou o maior fã, mas vamos deixar para a semana que vem.”

Arida é considerad­o um dos pais do Plano Real. Em novembro de 2016, ele deixou a presidênci­a do Conselho de Administra­ção do Banco BTG Pactual e do BTG Pactual Participat­ions. Recentemen­te, ele assinou um “manifesto público”, com outros economista­s, em defesa da posição do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), então presidente interino da sigla, de entregar cargos do governo Temer.

“Rodrigo Maia tem razão quando fala que não tem como ter um candidato só porque é natural.”

Geraldo Alckmin (PSDB)

GOVERNADOR DE SÃO PAULO

Posse. Outro compromiss­o que estava previsto na agenda do tucano era posse da nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil (PTB-RJ), que acabou sendo suspensa pela Justiça (mais informaçõe­s na pág. A6). Seria uma sinalizaçã­o ao pai de Cristiane, Roberto Jefferson, presidente do PTB. “Tenho grande apreço por ele”, afirmou.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO–8/12/2017 2018. Governador Alckmin diz que o mote de sua candidatur­a será emprego e renda

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