Deixa rolar
Por ora, o ensaio de emancipação do DEM não preocupa o quartel-general de Geraldo Alckmin. No PSDB, os arroubos presidenciais de Rodrigo Maia são vistos como uma tentativa legítima de os parceiros se posicionarem numa futura e provável aliança.
Aliados do governador paulista enfatizam que as relações entre as duas siglas nunca estiveram tão boas nos bastidores. Alckmin esteve ontem em Brasília e tem estreitado laços com interlocutores democratas, como seu secretário Rodrigo Garcia, muito próximo do xará presidente da Câmara, e o ministro Mendonça Filho (Educação), vice dos sonhos do tucano.
Além disso, os tucanos veem uma utilidade prática na movimentação de Maia: ela serviria para colocar um obstáculo às investidas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, este sim visto como alguém mais disposto a encarar uma candidatura alternativa à de Alckmin pelo chamado centro político.
Pelo lado do DEM, a ordem é continuar enfunando as velas da candidatura de Maia ao menos até o fim de fevereiro, quando ocorre a convenção partidária, que foi adiada ontem a pedido do próprio Maia. O fôlego para que o partido insista no discurso da independência em relação aos tucanos vem do fato de Alckmin não ter decolado nas pesquisas, algo que motiva setores do mercado e partidos como PP e SD a colocarem pilha no deputado.
Maia deverá discursar como candidato na convenção. Justamente por isso pediu o adiamento: não quer que sua pretensão política atrapalhe a votação da reforma da Previdência, marcada para 19 de fevereiro.