Deputada descarta desistir de ministério
Após ter a nomeação suspensa pela Justiça, Cristiane afirma que desistência do cargo ‘não é uma possibilidade’
Com a nomeação suspensa para o Ministério do Trabalho, a deputada Cristiane Brasil (PTBRJ) afirmou ontem ao Estadão/Broadcast que não há chances de ela desistir do cargo. Para a parlamentar fluminense, o movimento para barrar sua posse com uma enxurrada de ações na Justiça é patrocinado pelo PT.
“Não é uma possibilidade”, declarou Cristiane, ao ser questionada se poderá desistir do cargo. Segundo a deputada, em reunião com Temer ontem, eles decidiram esperar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do recurso protocolado pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra a suspensão da nomeação.
Anteontem, Cristiane teve a posse suspensa na pelo juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4.ª Vara Federal de Niterói (RJ). A decisão do magistrado foi mantida ontem pelo vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), desembargador federal Guilherme Couto de Castro. “Esse é um movimento patrocinado pelo PT”, disse.
Questionada sobre a condenação e denúncias de irregularidades trabalhistas, Cristiane não respondeu.
Procurado, o novo líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), disse desconhecer qualquer ação do partido na Justiça para barrar a nomeação de Cristiane. “Do ponto de vista do mérito, achamos que é um péssimo nome, que envergonha o Ministério do Trabalho. Mas não tomamos nenhuma iniciativa política”, disse.
A deputada fluminense afirmou que, mesmo após as decisões, Temer não pediu em nenhum momento para ela desistir do cargo. “Foi o contrário”, afirmou. Ela também negou que, durante o encontro com o presidente, eles tenham discutido um novo nome para o cargo, caso ela seja impedida. “Vamos esperar o STF”, declarou.
Cristiane foi indicada para a pasta após Temer barrar o nome do deputado Pedro Fernandes (PTB-MA). Temer atendeu a pedido do ex-presidente José Sarney (MDB-AP), que não queria o deputado por ele ser aliado do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Oficialmente, Sarney nega o veto.
O cargo está vago desde dezembro, quando Ronaldo Nogueira (PTB-RS) pediu demissão. A posse de Cristiane estava marcada para ontem à tarde. Na decisão, o juiz Leonardo Couceiro entendeu que a escolha da parlamentar pelo presidente desrespeita a “moralidade administrativa”, por causa da condenação em ação trabalhista. O magistrado estabeleceu multa de R$ 500 mil a cada agente público que descumprir a decisão.