Brasileiro preso pelo chavismo relata terror psicológico
Após 11 dias detido, acusado de conspiração, Jonatan Diniz foi libertado no sábado e enviado para os EUA
O brasileiro Jonatan Moisés Diniz, libertado na semana passada após 11 dias detido na Venezuela, publicou ontem mensagem no Facebook, relatando os detalhes da prisão. Ele afirmou que não sofreu abusos, apesar de ter sido obrigado a ficar nu várias vezes. Diniz também disse que não pôde deixar a cela de 8 metros quadrados – que dividia com outros oito venezuelanos – para tomar sol “nem por 10 minutos” e só saiu do local para assinar documentos.
“Nos 11 dias, não pude receber visita, fazer chamadas ou nenhuma outra coisa”, descreveu o catarinense, que mora na Califórnia, EUA. “Tentaram colocar terror psicológico, falando que eu poderia ficar lá tanto um como mil dias, que ninguém havia me procurado e ninguém nem sequer sabia de minha prisão.”
Diniz disse que recebeu comida apenas em 2 ou 3 dias dos 11 em que esteve preso. “Os outros oito presos que estão lá há quase 3 anos não recebem nenhuma comida, e a família deles têm de viajar todos os dias para levar algo para eles sobreviverem e foi da comida de meus colegas de cela que me alimentei”, afirmou. Ele relatou que os detentos se dividiam entre um colchão e uma treliche, segundo Diniz, em péssimas condições. O local também não tinha vaso sanitário nem chuveiro, e a falta de ventilação agravava as condições na cela.
Diniz contou que os agentes do governo tentaram ligálo a Óscar Pérez (ex-militar que lançou granadas de um helicóptero sobre o Tribunal Supremo e o Ministério do Interior em protesto contra Maduro). Pérez é acusado de terrorismo e está foragido. Sobre o momento em que foi preso, o brasileiro relatou que estava com amigos bebendo cerveja em uma praia quando foi abordado por um policial.
“(Ele) me tirou da praia, ameaçando com a arma, tirou meus dois relógios e os repassou como penhora na conta do bar, já que não me deu a chance de pagar minha conta.”
Diniz afirmou ainda que, na véspera de sua libertação, foi levado até o órgão responsável pela emissão de documentos para venezuelanos e estrangeiros, onde foi obrigado a assinar sua expulsão e um documento que o proíbe de voltar à Venezuela pelos próximos dez anos.