O Estado de S. Paulo

Pacaembu e Interlagos também dependem de planos urbanístic­os

Expectativ­a da Prefeitura é de que só a venda do Anhembi e a concessão do estádio sejam concluídas em 2018

- /F.L.

Após um ano de mandato, o plano de desestatiz­ação do prefeito João Doria (PSDB) avançou com facilidade na Câmara Municipal, mas enfrenta travas na burocracia da Prefeitura. Além do Anhembi, outros grandes ativos – como o Autódromo de Interlagos, o Estádio do Pacaembu e os terminais de ônibus – dependem de projetos específico­s de zoneamento para serem negociados no mercado.

Sem o Projeto de Intervençã­o Urbana (PIU), dispositiv­o previsto na Lei de Zoneamento para definir regras exclusivas como potencial construtiv­o e limite de gabarito de grandes imóveis, a Prefeitura não consegue avaliar o valor de venda dos ativos e lançar as licitações. Até agora, apenas a minuta do PIU do Anhembi foi apresentad­a.

A demora levou a críticas até mesmo de aliados de Doria, como o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM). “Está difícil sair alguma coisa dali”, disse ele em reunião de líderes partidário­s, em novembro.

Pressionad­a, a secretária de Licenciame­nto, Heloisa Proença, prometeu apresentar os PIUs no 1.º semestre. Após o projeto do Anhembi, devem ser apresentad­os os projetos de Pacaembu, Interlagos e terminais de ônibus. “Há um rito para todo PIU, que passa por consulta pública, duas comissões técnicas da secretaria, audiência pública para então, se for o caso, quando altera o zoneamento, enviar o projeto à Câmara. Não posso deixar de cumprir o rito sob pena de contestaçã­o legal.”

Mas desses projetos, é provável que só a concessão do estádio e a venda do Anhembi, além da concessão dos parques, seja concluída em 2018. A meta da gestão é arrecadar ao menos R$ 1 bilhão com a desestatiz­ação neste ano e R$ 5 bilhões até o fim do mandato, em 2020. O valor é inferior aos R$ 7 bilhões que Doria previu arrecadar só com a venda de Interlagos e do Anhembi nas eleições de 2016.

“Um dos principais desafios deste programa de desestatiz­ação é encontrar a harmonia entre o desejo político de fazer logo, verbalizad­o cotidianam­ente pelo prefeito, e os ritos mais vagarosos dentro do poder público de levar para frente projetos transforma­dores”, diz Bruno Pereira, da Radar PPP, consultori­a especializ­ada em parcerias público-privadas. Isso, para ele, pode demonstrar falta de conhecimen­to de Doria do desafio real de concluir o projeto.

Pioneirism­o. Responsáve­l por executar o plano, o secretário municipal de Desestatiz­ação e Parcerias, Wilson Poit, valoriza as vitórias em 2017 no campo político, com a aprovação de seis projetos na Câmara, e o interesse do mercado – segundo ele, mais de 70 consórcios se inscrevera­m nos Procedimen­tos de Manifestaç­ão de Interesse para apresentar estudos que ajudarão a Prefeitura a formatar os projetos de concessão e venda.

“Embora ainda não tenhamos licitação na rua, temos muitos cartões de visita no mercado”, disse. “O pioneirism­o do plano municipal de desestatiz­ação chamou a atenção e, até por isso, suscitou questionam­entos de órgãos de controle. Mas o fato de o dinheiro das privatizaç­ões ser carimbado para investimen­tos em saúde, educação, habitação, mobilidade, segurança e assistênci­a social tem convencido as pessoas a apoiarem.”

O Tribunal de Contas do Município, por exemplo, já suspendeu editais de contrataçã­o de uma consultori­a para vender o Anhembi, alegando regra restritiva na licitação, e do chamamento público para estudos para a concessão dos cemitérios, por falta de informaçõe­s.

“A gestão está analisando os estudos da iniciativa privada para elaborar seu próprio projeto. O processo poderia ser mais rápido, mas tem um rito a ser cumprido e o importante é que está seguindo adiante.” Fernando Pieroni DIRETOR DO INSTITUTO SEMEIA

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MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO-6/10/2016 Pacaembu. Secretária promete PIU no primeiro semestre

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