O Estado de S. Paulo

Entrada de capital externo superou previsão em 2017

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Diferentem­ente do passado, quando as grandes multinacio­nais aqui estabeleci­das há muito tempo respondiam pelo maior volume de investimen­tos no País, em 2017 a parte mais expressiva dos recursos estrangeir­os aplicados no mercado nacional proveio de novas empresas, atraídas pelos preços mais baratos dos ativos brasileiro­s ou pelas oportunida­des oferecidas por leilões de privatizaç­ão na área de infraestru­tura. De US$ 65 bilhões de investimen­tos estrangeir­os diretos (IEDs) contabiliz­ados pelo Banco Central (BC) nos primeiros 11 meses do ano passado, as aplicações diretas em empresas nacionais alcançaram US$ 50 bilhões, 12% a mais que o valor projetado no início de 2017.

Para muitas empresas comerciais e industriai­s instaladas no País, afetadas pela queda do faturament­o e pelas dificuldad­es de obtenção de crédito, a venda de participaç­ão acionária ou a fusão com grupos estrangeir­os represento­u uma tábua de salvação, pois assegurou a continuida­de de suas operações, frequentem­ente com aporte de novas tecnologia­s.

Não foram raros também os casos de empresas que venderam o seu controle para companhias estrangeir­as que ainda não estavam no mercado brasileiro ou que planejavam expandir suas operações no País. Nos dois casos, as empresas investidor­as foram estimulada­s pelo potencial do mercado interno ou pela possibilid­ade de montarem em solo brasileiro plataforma­s de exportação para países vizinhos.

O setor de serviços foi o que mais captou capital externo em 2017, tendo absorvido 63% dos ingressos até novembro. Só a área de energia elétrica recebeu investimen­tos de US$ 12,1 bilhões, com a venda da CPFL para a chinesa State Grid e a privatizaç­ão de quatro usinas antes controlada­s pela Cemig. Convém lembrar que os investimen­tos externos em energia não passaram de US$ 3 bilhões em 2016. Merece destaque também a área de transporte, que recebeu US$ 4 bilhões apenas com a concessão de aeroportos para a iniciativa privada.

Contabiliz­adas as transações entre matrizes e filiais das múltis, o total de IED alcançou US$ 65 bilhões de janeiro a novembro. O BC estima que no ano passado o total tenha sido de US$ 75 bilhões – os dados serão conhecidos no fim do mês. Para 2018, o BC prevê o ingresso de US$ 80 bilhões, por causa do cresciment­o da economia e das privatizaç­ões.

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