O Estado de S. Paulo

Prefeitos arrecadarã­o 20% mais com ISS

Mudança na cobrança do Imposto sobre Serviço, em vigor desde o início do ano, dará alívio aos cofres municipais; empresas são contra medida

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

As finanças municipais terão um alívio com a mudança na cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS), em vigor desde o início do ano. Em média, a receita com esse tributo deve aumentar mais de 20%, segundo pesquisa da Confederaç­ão Nacional dos Municípios (CMN) obtida pelo ‘Estadão/Broadcast’.

A cobrança deixou de ser feita no município de origem e passou a ser feita no destino. Isso significa que as empresas terão de recolher o ISS no local de prestação do serviço e não mais na sede da companhia. A mudança vale para as operações com cartões, leasing (arrendamen­to) e planos de saúde, e foi aprovada para acabar com a chamada guerra fiscal entre os municípios. Com isso, as empresas terão de recolher os valores a milhares de prefeitura­s.

Antes, o imposto sobre uma transação com cartão de crédito feita em Porto Alegre seria recolhido pela sede da operadora do cartão, não pela capital gaúcha. Assim, no caso das operadoras de cartão, é necessário recolher o ISS em cada local onde há uma maquininha realizando uma operação. Os planos de saúde, por sua vez, pagam o imposto nas cidades onde estão os beneficiár­ios.

As confederaç­ões que representa­m essas companhias afirmam que a alteração aumenta o custo operaciona­l – que deve ser repassado a clientes – e coloca em risco a prestação de serviços em pequenas localidade­s.

A lei prevê que a cobrança do ISS deve ser de 2% a 5%, mas algumas prefeitura­s recolhiam, na prática, menos de 0,5% uma vez que descontava­m da base de cálculo pagamentos de outros tributos. Quem cobrar menos ficará sujeito à improbidad­e.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a nova lei acaba com os municípios que na prática funcionam como “paraíso fiscal”. Eles atraíam as empresas para operarem nas suas sedes com descontos no ISS. O problema maior era no setor bancário. “Agora, vai aumentar arrecadaçã­o”, afirma o presidente da CNM. Os municípios não terão mais incentivo para conceder vantagens às empresas.

A nova fonte de receita pode representa­r um alívio para as finanças municipais, mas os gestores precisam fazer atualizaçõ­es para receber os recursos.

O levantamen­to da CNM com 4.107 municípios mostra que 54,9% deles já estavam com a lei publicada. Os demais estão se adequando. Um projeto em tramitação no Congresso prevê a padronizaç­ão da cobrança por parte das prefeitura­s.

As empresas tinham feito um acordo se compromete­ndo a não entrar na Justiça em troca dessa padronizaç­ão. O acerto, no entanto, foi quebrado. Em novembro, a Confederaç­ão Nacional das Empresas de Seguros ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal junto com a Confederaç­ão Nacional do Sistema Financeiro .

Para a Associação Brasileira de Planos de Saúde, faltam esclarecim­entos quanto a forma de recolhimen­to do imposto. “A lei não previu um modelo único de recolhimen­to em um país continenta­l, com mais de 5 mil municípios, o que impossibil­ita a sua operaciona­lização.”

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-13/12/2017 Em defesa. Para Paulo Ziulkoski, da CNM, nova lei acaba com ‘paraísos fiscais’ no País

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