O Estado de S. Paulo

Aline Muniz leva o pop brasileiro para os EUA

De olho no mercado internacio­nal, cantora lança disco e toca em NY

- Pedro Antunes

O voo para Nova York é sábado, 13, mas Aline Muniz se diz preocupada. “É essa nevasca”, ela conta, sobre o clima hostil que afeta toda a Costa Leste dos Estados Unidos e deixou até 45 centímetro­s de neve acumulada na cidade e paralisou portos e aeroportos. “O aeroporto estará um caos”, afirma. “Mas sei que essa época do ano é assim, mesmo.”

Aline há dez anos vive lá e cá. Em São Paulo e Nova York. Aqui, como artista. Lá, como ela diz, como uma “apaixonada pela cidade”. Aos poucos, as duas vidas se misturaram, se confundira­m. Os shows nos Estados Unidos ganharam frequência. Essa nova viagem a Nova York, por exemplo, é motivada por mais algumas apresentaç­ões em solo gringo. Nos dias 16 e 19 de janeiro, Aline se apresenta em Vail, um paraíso para os fãs de esportes de neve. Em 11 de fevereiro, ela volta ao Rockwood Music Hall, local onde se apresentou em outubro do ano passado, uma casa de shows localizada no Lower East Side, em Manhattan, e por onde já passaram Lady Gaga e Mumford & Sons.

A confluênci­a dos dois caminhos está ainda mais explícita no disco Bpm: Brazilian Pop Music, o quarto álbum dela no Brasil e o primeiro lançado no mercado norte-americano. “Não consigo pensar nisso de outra forma que não um álbum”, ela explica. Bpm é um álbum que entrega, a um público novo, quem é Aline Muniz, a artista com três discos anteriores e uma carreira em construção, à sua imagem e como um reflexo da transforma­ção da artista.

Portanto, ainda que Bpm seja mais como cartão de visitas do que um álbum de carreira propriamen­te dito, com uma reunião de músicas gravadas nos outros discos, versões de canções icônicas cantadas nos shows e duas composiçõe­s inéditas, ele espelha uma artista em movimento. Nesse caso, em voo constante.

“É um novo momento da minha carreira e da minha vida pessoal. Minha vida pessoal é minha carreira”, explica ela. “Não sei se existe separação entre essas duas vidas, a profission­al e a privada. Talvez, algumas pessoas de empregos normais possam separar. Trabalhar o dia todo e, no fim do dia, chegar em casa e se desligar disso. Comigo, isso não funciona. E um disco novo, para mim, é uma nova vida. Estou com vontade de explorar esse novo espaço, esse novo momento.”

O projeto do novo álbum foi idealizado por Béco Dranoff, paulistano que conhece bem o caminho de um artista brasileiro pelo mercado estrangeir­o graças ao trabalho com Bebel Gilberto, uma das vozes da música brasileira contemporâ­nea mais conhecidas por lá. Dranoff reuniu, em Bpm, canções dos álbuns dela, Da Pá Virada (de 2008), Onde Tudo Faz Sentido (2011) e Outra (2015) – discos, principalm­ente o segundo e terceiro, que já apontavam para essa mudança de ares, já que tiveram músicas gravadas no exterior. Nas regravaçõe­s há de Lulu Santos (Tempos Modernos) a Stevie Wonder (Ribbon in the Sky), além de uma versão em espanhol de Mensagem de Amor, dos Paralamas do Sucesso. “Confio muito no trabalho dele”, conta Aline. “Ele pode abrir as portas para mim lá fora.”

O título escolhido é autoexplic­ativo, para ela. Questionad­a, no exterior, que tipo de música fazia, Aline respondia: Brazilian pop music. “Quando digo que sou uma cantora brasileira, as pessoas abrem um sorriso enorme. É incrível.”

Quando digo que sou uma cantora brasileira, as pessoas abrem um sorriso enorme. É incrível. Quando perguntam o estilo, explico que é música pop brasileira”

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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO Novo momento. Carreira em construção, à sua imagem e como reflexo da sua transforma­ção

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