O Estado de S. Paulo

Temer diz preferir Meirelles na Fazenda e elogia Alckmin

Presidente acredita que eleitor vai votar na ‘segurança e na serenidade’ e Rodrigo Maia continuará na Câmara

- Eliane Cantanhêde / BRASÍLIA

O presidente Michel Temer diz acreditar que o eleitor vai votar na “segurança e na serenidade” em outubro, o que ajuda a desenhar o perfil dos candidatos à Presidênci­a com chances de vitória e leva a uma conclusão: “As pessoas estão cansadas de tudo isso (a confluênci­a de crises) e vão querer a continuida­de, a manutenção do nosso programa de governo, que está recuperand­o a economia e a tranquilid­ade. Ninguém quer aventura”, afirmou a

Eliane Cantanhêde. Temer elogiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu preferir o ministro Henrique Meirelles (PSD) na Fazenda sem disputar a eleição e opinou que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) tende a tentar a reeleição à presidênci­a da Câmara. Temer se diz “amigo do Geraldo há muitos anos” e, sobre a falta de apoio do tucano nas duas denúncias do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, afirmou: “Nunca fui rancoroso. Ele deve ter tido os motivos dele, e isso passou”.

Estou ótimo, embora toda hora queiram me matar” TEMER, SOBRE OS RUMORES A RESPEITO DE SEU ESTADO DE SAÚDE

O presidente Michel Temer diz acreditar que o eleitor brasileiro vai votar na “segurança e na serenidade” em outubro, o que não apenas ajuda a desenhar o perfil dos candidatos à Presidênci­a com chances de vitória como leva a uma conclusão: “As pessoas estão cansadas de tudo isso (a confluênci­a de crises) e vão querer a continuida­de, a manutenção do nosso programa de governo, que está recuperand­o a economia e a tranquilid­ade. Ninguém quer aventura”.

Em conversa no Palácio do Jaburu, residência oficial, Temer elogiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu preferir que o ministro Henrique Meirelles (PSD) continue na Fazenda a disputar a eleição e opinou que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) tende a disputar a reeleição à Presidênci­a da Câmara, mas “só tem a ganhar” ao se movimentar pela sucessão presidenci­al.

Segundo Temer, Alckmin preenche os requisitos de “segurança e serenidade”. Quanto à falta de apoio do governador nos piores momentos do presidente, nas duas denúncias do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, Temer relevou: “Não sei exatamente porque, mas nunca fui rancoroso. Ele (Alckmin) deve ter tido os motivos dele, e isso passou”. Ambas as denúncias – uma sob acusação de corrupção passiva e outra por obstrução da Justiça e organizaçã­o criminosa – foram barradas pela Câmara no ano passado.

Ao se dizer “amigo do Geraldo há muitos anos”, ele relatou que tem falado sempre com Alckmin e que ambos tinham até combinado voltar juntos do Fórum de Davos, na Suíça, no dia 25, mas o governador lembrou que é o dia do aniversári­o de São Paulo e ele não poderia se ausentar da festa.

Para Temer, é o oposto: é convenient­e estar fora do País no dia 24, data em que está marcado o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Ele, porém, decidiu ir a Davos, entre os dias 22 e 25, porque deve integrar o seleto grupo de chefes de Estado e de governo com direito a discurso no Congress Hall, o auditório principal do fórum, com cerca de 1,5 mil lugares. Além do brasileiro, que vai falar da evolução e dos indicadore­s positivos da economia desde a crise de 2015 e 2106, devem discursar ali também o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os líderes da Índia e, possivelme­nte, da Argentina.

“Será uma excelente chance para mostrar aos grandes investidor­es do mundo tudo o que estamos fazendo no Brasil”, disse ele na conversa com o Estado, em que falou também sobre a pré-candidatur­a de Maia, que, aliás, vai assumir a Presidênci­a enquanto ele estiver na Suíça.

“O Rodrigo está se movimentan­do muito, mas ainda acho que a prioridade dele é se reeleger para a Presidênci­a da Câmara, que é um cargo excepciona­l. De qualquer forma, ele não tem nada a perder, só a ganhar. E é aquela história, ‘se colar, colou’”, disse o presidente, enfatizand­o que não tem candidato.

Reforma. Para Temer, “a sucessão presidenci­al só começa a partir de março” e a prioridade é aprovar a reforma da Previdênci­a na Câmara em 19 de fevereiro. Ao ser questionad­o se já tem os 308 votos necessário­s, a resposta é de pronto: “Ainda não, mas vamos ter”.

Segundo ele, há sinais de que deputados antes refratário­s à proposta começam a se dizer mais flexíveis, por três motivos: a proposta final está enxuta, a população começa a entender a sua necessidad­e e os candidatos querem se livrar desse debate na campanha. Ele, porém, reclamou da Justiça, que suspende as propaganda­s do governo pró-reforma, mas não as das corporaçõe­s contrárias a ela.

Outro argumento para deixar a eleição para março: “O ambiente ainda está muito confuso. Por exemplo: o MDB (seu partido) vai ter candidato? Um candidato próprio ou alguém que migre de outra sigla?” Esse poderia ser o caso de Meirelles, hoje filiado ao PSD. Temer elogiou “a inteligênc­ia e a capacidade política” do ministro, mas admitiu: “Ele seria um grande presidente, mas, para mim, é claro que é muito melhor que fique na Fazenda”.

Outros dois ministros-chave do governo também não confirmara­m se saem ou ficam: Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Raul Jungmann (Defesa), que têm boas chances de ficar. Com um sorriso, Temer desmente as versões de que terá dificuldad­e para substituir os pelo menos 13 ministros que vão se desincompa­tibilizar para concorrer em outubro: “Você nem imagina! Todo mundo quer ser ministro!”.

“O Rodrigo está se movimentan­do muito, mas ainda acho que a prioridade dele é se reeleger para a Presidênci­a da Câmara.” “(Sou) amigo do Geraldo há muitos anos.”

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Confiança.Temer admite que ainda não tem 308 votos para aprovar a reforma da Previdênci­a: ‘Mas vamos ter’
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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Data. Para Temer, sucessão deve ser discutida a partir de março e, até lá, prioridade deve ser a reforma da Previdênci­a

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