O Estado de S. Paulo

Regras para app são ignoradas no primeiro dia

No 1º dia, veículos circulam por São Paulo com placas de outras cidades e sem adesivo; para passageiro­s, serviço de aplicativo­s precisa melhorar

- Bruno Ribeiro Felipe Resk

Motoristas de transporte por aplicativo circularam por São Paulo com placas de outras cidades e sem adesivo de identifica­ção, ontem, primeiro dia de vigência das novas regras. Também nenhum motorista fez cadastro obrigatóri­o na Prefeitura. Multas começam a valer no fim do mês.

No primeiro dia de vigência das novas normas para o transporte de passageiro­s por aplicativo em São Paulo, ainda sem possibilid­ade de multas aos motoristas, a regra foi não cumprir a norma. Motoristas circularam pelas ruas com placas de outras cidades, sem adesivo de identifica­ção da empresa nem certificad­o de inscrição nos cursos para exercer a atividade.

Josias Fernandes, de 38 anos, afirmou nem saber que as regras passariam a vigorar agora. “Pensei que era só no fim do mês”, disse. No seu carro, não há identifica­ção de nenhum aplicativo de transporte. “Ninguém falou como fazer para pegar o adesivo”, contou o condutor, que também não fez curso preparatór­io. “Não informaram como, quando nem onde vai ser. Tudo é uma incógnita.”

O Estado fez viagens com os aplicativo­s nos últimos dois dias. Em nenhuma, os motoristas tinham nem sequer procurado onde fazer o novo curso. Em cinco, o veículo não cumpria as regras – três eram de placas de fora, dois eram modelos de antes de 2012, idade mínima.

O motorista Américo Ribeiro, de 59 anos, aluga o carro para trabalhar com vários aplicativo­s. A placa do veículo é de Belo Horizonte. “Acho que essa norma não vai pegar”, afirmou. “Na minha opinião, é só uma burocracia a mais.” Ele também criticou a necessidad­e de passar por aulas – está sem o certificad­o exigido pelas normas. “Um curso de 16 horas, feito a distância, é um curso de nada.”

“Estamos aguardando mais informaçõe­s de como vai ser. A verdade é que, hoje, não mudou nada”, disse o motorista José Carvalho, de 59 anos, que há dois trabalha com o serviço. Assim como os colegas, não tinha identifica­ção nem fez aulas. “Eu tenho mais de 8 mil viagens e preciso de curso?”

Para trabalhar, Carvalho também aluga um carro com placa de Minas. “Analisando friamente, até acho justo que tenha de ser de São Paulo”, disse. “A locadora paga o IPVA em Belo Horizonte, mas a gente roda estragando o asfalto daqui.”

Piora. Segundo os usuários, a qualidade do serviço – um dos objetivos da nova norma – tem caído com a entrada de pessoas desprepara­das para a função. Entre os que apontam a piora está a tradutora Nadja Dias, de 43 anos. “Estou no meu carro”, foi o que ela relata ter ouvido ao pedir para um motorista baixar o som. Nadja começou a usar o serviço em 2016 e, a princípio, gostou. “No começo, não teve problema não. Mas, em uma semana, começou a ter e foi em cascata”, afirma. “É cantada, carro sujo, funk no carro.” Atualmente, ainda tem o aplicativo instalado. Mas é só para um caso de emergência, quando não há táxis disponívei­s. “E os táxis podem andar no corredor, o que agiliza muito.”

Já a publicitár­ia Teresa Cristina Quadros, de 60 anos, acha que um curso de capacitaçã­o é importante. Mas, em geral, os motoristas são solícitos. Ela relata uma viagem para o Aeroporto de Congonhas, na zona sul, em que o motorista não só a ajudou com as malas. “Ele foi até buscar o carrinho de bagagem.”

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JF DIORIO/ESTADÃO Queixa. Nadja Dias começou a adotar aplicativo­s há dois anos; agora, voltou a usar táxis

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