O Estado de S. Paulo

EcoRodovia­s vence leilão do Rodoanel Norte

Depois de ficar em segundo lugar nos últimos dois leilões do Estado, grupo arrematou os 47,6 km do Trecho Norte do Rodoanel

- /RENÉE PEREIRA, LETÍCIA FUCUCHIMA, MARCELO OSAKABE e WAGNER GOMES

Após ‘bater na trave’ por duas vezes, o grupo EcoRodovia­s, que administra do sistema Anchieta-Imigrantes, venceu ontem o leilão do Trecho Norte do Rodoanel de São Paulo, com ágio de 90,97%. A companhia ofereceu R$ 883 milhões de outorga para operar e manter os 47,6 quilômetro­s (km) do trecho rodoviário, que ainda está em construção pela Dersa (Desenvolvi­mento Rodoviário S.A.)e deverá ser concluído em 2019. As ações da empresa caíram 3,95% ontem.

O resultado foi uma repetição das últimas concessões promovidas pelo Estado de São Paulo no setor. No ano passado, o Pátria arrematou 574 km de estrada no interior paulista, com ágio de 130,89%; e a Arteris, da Brookfield, levou a Rodovia dos Calçados, de 720 km, com uma proposta 438,17% superior ao preço mínimo. Nos dois casos, a EcoRodovia­s ficou em segundo lugar. Desta vez, no entanto, a empresa foi disposta a não sair de mãos vazias.

A proposta do grupo foi bem superior à da segunda colocada, a Autostrade Concessões e Participaç­ões Brasil, da italiana Atlantia. O lance da concorrent­e foi de R$ 517,851 milhões pela outorga – ágio de 12%. A CCR, vista como forte candidata a levar o último lote do Rodoanel por administra­r o Trecho Oeste, não entregou proposta. A empresa disse que a decisão foi tomada após análise detalhada da viabilidad­e econômico-financeira do projeto.

Em nota, o grupo afirmou que foram identifica­dos alguns itens inibidores de atrativida­de para a participaç­ão da empresa no certame, entre eles, elevados riscos de engenharia e investimen­tos ainda não concluídos, premissas de tráfego e custos operaciona­is divergente­s dos estudos realizados pela CCR.

A EcoRodovia­s, porém, ficou satisfeita com as medidas de segurança definidas pelo governo paulista e que mitigam os riscos. O valor oferecido pela empresa deverá ser pago ao Estado na assinatura do contrato. De acordo com o edital, o valor ficará depositado em uma conta conjunta, sendo que 28% do montante será liberado ao poder concedente só quando sair a Licença de Operação do primeiro segmento.

Atraso. O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) comemorou o resultado e disse que o trecho 1 do Rodoanel Norte deve ser entregue até julho – um atraso em relação à previsão inicial, de abril –, mas que o cronograma do trecho 2 está mantido para dezembro. “O Rodoanel Norte conclui a principal obra rodoviária o Brasil. Você vai interligar o maior aeroporto brasileiro, Cumbica, com o maior porto, em Santos”, afirmou Alckmin, que participou do leilão na B3.

No evento, ele defendeu uma

“reforma de Estado”, que já estaria ocorrendo em São Paulo. “Já estamos fazendo isso em São Paulo e acho que é necessário ao Brasil”, disse o presidenci­ável tucano. “Há mais que uma crise fiscal (no País), há uma bomba fiscal. Não tem mais como ter aquele Estado antigo, provedor de tudo. Sobra dinheiro no mundo, nós precisamos de bons projetos, segurança jurídica, boa regulação e fiscalizaç­ão.”

Cenário. Na avaliação de especialis­tas, porém, o resultado dos leilões paulistas está bem longe do que se espera para as demais concessões rodoviária­s no País. “Os projetos de São Paulo são os mais desenvolvi­dos e tem a chancela do IFC (do Banco Mundial)”, afirma o sócio de infraestru­tura do escritório Castro Barros, Paulo Dantas. Segundo ele,

para as concessões federais, por exemplo, será preciso mudar muita coisa do que foi feito até agora. Ele se refere às rodovias devolvidas por problemas de desequilíb­rio econômico.

O advogado Ricardo Medina, da área de infraestru­tura do L.O. Baptista, também entende que são situações diferentes. “O negócio rodoviário em São Paulo é o mais atrativo do Brasil e ainda assim atraiu apenas dois concorrent­es. Para as outras concessões, o cenário é diferente. As concessões são pulverizad­as”

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO - 27/2/2015 Trecho Norte. EcoRodovia­s fez lance de R$ 883 milhões

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