O Estado de S. Paulo

Parques reabrem em SP

Saúde. Dados inéditos da Prefeitura mostram que, entre outubro e dezembro do ano passado, 1,3 milhão se vacinou na capital; nos trimestres anteriores, média era de 88 mil. Horto, Cantareira e Tietê liberam entrada, mas com placas alertando para risco

- CAMBRICOLI, JOSÉ MARIA TOMAZELA, PAULA FELIX e PRISCILA MENGUE

Crianças visitam o Horto, um dos três parques fechados após mortes de macacos por febre amarela que reabriram ontem em SP.

Em meio ao avanço de casos na Grande São Paulo, a procura pela vacina contra a febre amarela na capital cresceu 15 vezes nos últimos três meses de 2017, em comparação com a média dos outros trimestres do ano. Dados inéditos da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo mostram que, entre outubro e dezembro, 1,3 milhão se vacinou. Nos trimestres anteriores, a média foi de 88 mil. A alta se deu, sobretudo, com a campanha na zona norte, mas também houve aumento de demanda nos postos já existentes de toda a cidade.

Ontem, o governo estadual reabriu o Horto Florestal, o Parque da Cantareira, na zona norte, e o Parque Ecológico do Tietê, na zona leste, fechados há mais de dois meses pela ocorrência de macacos infectados nos locais. Para visitar as unidades, os frequentad­ores terão de se vacinar contra a doença. Faixas colocadas nos parques informam que a imunização deverá ser feita dez dias antes da visita, mas não haverá cobrança de comprovant­e de vacinação.

De acordo com o secretário de Estado do Meio Ambiente, Maurício Brusadin, a população terá de colaborar. “Todas as comunidade­s ao redor dos parques estão informadas e a cobertura vacinal nos dá a garantia de que a população está consciente. Temos certeza de que as pessoas que não estão vacinadas, ao ver a faixa, não vão entrar.”

Outros 23 parques municipais continuam fechados, nas zonas norte, sul e oeste, como medida preventiva contra o vírus. Segundo a Secretaria Municipal do Verde, ainda não há previsão de reabertura.

Secretário de Estado da Saúde, David Uip afirma que os três parques foram fechados para que análises fossem realizadas e agora os locais não oferecem riscos às pessoas imunizadas. “Estamos diante de uma população que está vacinada. Não tem motivo para não reabrir os parques.” Segundo o balanço da secretaria estadual, foram registrado­s 29 casos autóctones (de transmissã­o interna) da doença e 13 óbitos. Há casos suspeitos ainda em análise.

Nas primeiras horas de funcioname­nto do Horto Florestal ontem, o movimento ainda era tímido e formado principalm­ente por moradores da região. Eles comemorara­m a reabertura do espaço que utilizam para atividades físicas e levar crianças para brincar, mas nem todos confiam que só visitantes vacinados frequentar­ão o local.

O atendente André de Souza, de 43 anos, foi passear no parque ontem com a mulher, a frentista Claudia Gomes, de 41, e a filha Giovanna, de 9. Eles se vacinaram no início da campanha no distrito. “Estávamos sentindo falta do parque. A gente que é morador depende desse lugar para o lazer.” Ele e a mulher não acreditam que as pessoas deixarão de visitar o lugar pelo fato de não terem se vacinado. “Não vão respeitar. Não acho que deveriam exigir a carteirinh­a (de vacinação) na porta. Isso é demais, porque ia formar muita fila”, afirma Claudia.

Também ontem, a Prefeitura anunciou que iniciará no dia 3 de fevereiro a vacinação em 15 distritos das zonas leste e sul da cidade. Na mesma data, terá início a campanha em regiões do Estado que ainda não foram afetadas pelo vírus. A meta é vacinar 6,3 milhões de pessoas de 53 municípios até 24 de fevereiro. Segundo a pasta estadual, 7 milhões de paulistas tomaram a vacina no ano passado. Entre 2007 e 2016, 7,6 milhões haviam sido imunizados.

Na rede privada, a busca pelo imunizante também aumentou. Segundo o Sírio-Libanês, a procura está em um “volume muito alto”. A maior demanda é de famílias. Já a clínica Vacinarte teve o estoque esgotado nesta semana, tanto na Lapa quanto em Perdizes, na zona oeste. Interior. Depois da confirmaçã­o de duas mortes por febre amarela em Atibaia, moradores lotaram os postos de vacinação contra a doença ontem no município do interior paulista. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, as filas dobravam o quarteirão e a espera pela vacina chegava a duas horas. Com outras unidades lotadas, a prefeitura decidiu manter sem

interrupçã­o a aplicação da vacina no pronto-atendiment­o do Jardim Cerejeiras. Nos próximos dias, a unidade continuará funcionand­o em regime de 24 horas. Desde a manhã até as 17 horas, os 16 postos tinham imunizado mais de 3 mil pessoas.

Em Jarinu, onde uma mulher de 54 anos morreu após adquirir a febre amarela, os moradores lotaram o Ambulatóri­o Central de Saúde, uma das cinco unidades onde há imunizante disponível. Segundo a prefeitura, cerca de 20 mil moradores foram vacinados desde o ano passado – a cidade tem 28 mil habitantes./FABIANA

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Horto. Faixa informa sobre necessidad­e de imunização; campanha em 15 distritos das zonas leste e sul começa no dia 3
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NA WEB Portal. Vídeo mostra sintomas da doença; assista estadao.com.br/e/videofebre

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