O Estado de S. Paulo

‘Estou ótimo, embora toda hora queiram me matar’

Presidente diz que está bem de saúde e revela que seu ‘sonho’ no fim do mandato é apresentar o semipresid­encialismo

- BRASÍLIA / E.C.

Meio sério, meio de brincadeir­a, o presidente Michel Temer reclamou das versões pessimista­s sobre sua saúde: “Passei por três cirurgias, tive infecção no fim do ano e nem pude passar quatro dias na praia, como gostaria, mas estou ótimo. Embora toda hora alguém queira me matar. Uns por vontade mesmo, outros por desinforma­ção”.

Outro trauma de Temer é ter sido atacado até por velhos amigos durante as duas denúncias do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que poderiam ter lhe custado o mandato. “Eles me conhecem a vida toda, sabem que não tenho lanchas, jatos, fazendas, nada disso. E permitem que me chamem de ladrão? É muito duro conviver com isso.”

Ele se defendeu da acusação de viver aos solavancos, de recuo em recuo, e se concentrou na notícia de que o governo mudaria a chamada “regra de ouro”, que impede emissão de dívida para arcar com despesas correntes. Diz que foi surpreendi­do pela notícia na imprensa, chamou os ministros econômicos para se informar e mandou suspender o debate: “Todo esforço do meu governo é recuperar a economia. Como vou chegar a Davos tendo de explicar que querem flexibiliz­ar justamente as regras de responsabi­lidade fiscal?”

Consultas

Temer vai viajar hoje a São Paulo e terá uma consulta com o urologista Miguel Srougi, para reavaliar seu quadro clínico. Ele ainda vai encontrar seu advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira.

Seu plano para o último ano de mandato é, além de aprovar a reforma da Previdênci­a, “continuar com as medidas que tomamos para recuperar o País, não só no Congresso, mas também por decisões administra­tivas”. No fim, o sonho de amenizar o “presidenci­alismo de coalizão”, que deixa os presidente­s reféns de partidos e de pressões populistas. A forma será um projeto de “semipresid­encialismo”, mas “isso fica para adiante”.

Temer acha que a Lava Jato praticamen­te esgotou o que tinha de fazer e elogiou a decisão do diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, de concluir até dezembro investigaç­ões sobre políticos com foro no Supremo: “Isso é ótimo. Tira o peso das pessoas”.

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