Mesmo exilado, líder catalão vira governador
Os dois principais partidos separatistas da Catalunha – que renovaram sua maioria no Parlamento da região nas eleições de 21 de dezembro – concordaram ontem em nomear novamente Carles Puigdemont governador. Mas, autoexilado na Bélgica após o malsucedido plebiscito sobre a independência catalã do ano passado, o líder poderá ser preso caso retorne à Espanha para assumir o cargo.
Puigdemont foi acusado de traição e sedição pela Justiça espanhola por ter organizado a consulta popular que aprovou a separação da Catalunha do restante da Espanha – em seguida, o Parlamento catalão declarou independência enquanto ele ainda era governador, em 27 de outubro.
O líder catalão, que comanda a coalizão de centro-direita Juntos pela Catalunha, se reuniu na noite da terça-feira em Bruxelas com a número 2 do partido Esquerda Republicana da Catalunha, Marta Rovira, para negociar a aliança.
As legendas conquistaram 70 dos 135 assentos do Parlamento catalão no mês passado, nas eleições convocadas pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que destituiu Puigdemont e dissolveu o Legislativo catalão em represália ao plebiscito. O resultado, porém, foi praticamente idêntico ao de 2015, quando a legislatura anterior foi eleita – uma derrota política para Rajoy.
O acordo estabelecido em Bruxelas determinou que Puigdemont poderá assumir o cargo à distância – realizando seu discurso de posse por meio de videoconferência ou permitindo que outro legislador leia o texto em seu nome. “Os catalães não merecem um presidente (governador) holograma ou por Skype”, disse Inés Arrimadas, líder do anti-independentista Cidadãos na Catalunha.