O Estado de S. Paulo

Mulher empurrada em fosso de estação relata medo e dor.

Atendente relata medo e dor após ser jogada em fosso de estação de metrô; companhia promete acelerar instalação de portas de plataforma

- Ana Paula Niederauer Priscila Mengue

Como outras tantas pessoas em volta, Jussara Araújo de Souza, de 23 anos, mexia no celular ao aguardar o metrô. Enquanto conversava pelo WhatsApp com a cunhada e o marido, sentiu um forte empurrão vindo de trás. “Quando vi, estava embaixo ( do trem)”, diz a jovem, que foi jogada para o fosso da Estação Conceição na tarde de anteontem pelo faxineiro Sebastião José da Silva, de 55 anos.

Ela caiu de bruços em direção aos trilhos, e conseguiu inclinar o rosto para vê-lo passar durante alguns segundos. “Morri”, foi a única coisa que passou por sua cabeça no momento. “Nem sabia se era homem ou mulher (o autor do crime), fiquei sabendo só depois, em casa, quando vi na televisão”, diz Jussara.

A atendente ainda “criava coragem” para passar pela mesma plataforma, pouco mais de 24 horas após o incidente. Por estar com muita dor, teria de refazer a viagem para se consultar no médico. “Preciso de repouso, mas só deram um dia de atestado. Não tenho condições de voltar”, lamenta.

No momento do empurrão, Jussara se encaminhav­a para o trabalho, perto da Estação Marechal Deodoro. Há seis meses ela começou a fazer o percurso, de quase 20 quilômetro­s: partindo de ônibus de Americanóp­olis, na zona sul de São Paulo, até a Estação Conceição da Linha 1-Azul, da qual segue até o centro da cidade.

Sobre o incidente, diz ter visto e sentido passarem quatro vagões sobre o seu corpo antes de a composição parar. Depois disso, quatro bombeiros desceram e a colocaram na margem do fosso, para que os demais vagões passassem. “Sentia muita dor na perna (esquerda) e no braço (direito)”, lembra ela, que foi colocada em uma maca e encaminhad­a para o Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, zona sul.

Com escoriaçõe­s, Jussara levou 30 pontos na perna esquerda e teve alta apenas às 22 horas, quase oito horas após ter sido empurrada. “Estou cheia de hematomas”, diz ela, que tem três filhos, de 11 meses, 4 e 6 anos.

Sobre o agressor, ela espera que continue preso. “Eu escapei, mas pode fazer outra vítima. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente.”

À polícia, Sebastião José da Silva alegou ter empurrado a vítima após ter ouvido “vozes”. Ele foi imobilizad­o por passageiro­s próximo da plataforma e, em seguida, foi preso.

Proteção. Para Jussara, a instalação de portas de proteção na estação, como na Linha 4-Amarela, seria uma forma de evitar incidentes. Por meio de nota, o Metrô informou que deve concluir ainda em janeiro as tratativas para instalar portas de proteção em todas as estações “de maior demanda” da Linha 1Azul e da Linha 3-Vermelha.

“Em setembro, o Metrô iniciou um processo de negociação com o BID (Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento) para abertura de uma linha de financiame­nto para instalação de portas de plataforma”, informou, sem especifica­r quais seriam as estações. Portal. Veja vídeo do acidente no Metrô

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JUSSARA ARAÚJO DE SOUZA/ARQUIVO PESSOAL ‘Morri’. Jussara estava ao celular ao ser empurrada
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NA WEB estadao.com.br/e/metroacide­nte

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