O CHEFE DA NOVA REVOLUÇÃO AZUL Campeão em 1998 recuperou a França
Ofrancês Didier Deschamps poderá entrar, na Rússia, no seleto grupo de campeões do mundo como jogador e treinador. Até agora, apenas Zagallo e Franz Beckenbauer alcançaram esse feito. O brasileiro ganhou a Copa como atleta em 1958 e 1962 e como técnico em 1970. Já o alemão venceu em 1974 dentro de campo e voltou a levantar a taça em 1990, desta vez como treinador.
Deschamps, campeão mundial em 1998 como jogador, chegará à Rússia com grandes chances de entrar para a história. Ao longo dos últimos seis anos, o treinador conseguiu transformar um time desacreditado em uma seleção candidata ao título mundial.
Após o vexame na Copa de 2010, quando a França foi eliminada ainda na primeira fase, o time não engrenou sob o comando de Laurent Blanc nas Eliminatórias e caiu no primeiro mata-mata da Eurocopa de 2012. Somente depois que Deschamps assumiu a seleção, em 2012, é que o time subiu de produção e voltou a ser temido pelos adversários.
Mesmo cercado de muita desconfiança, Deschamps levou a equipe às
quartas de final da Copa do Mundo de 2014 e só parou diante da favorita Alemanha. A boa campanha no Mundial do Brasil, inclusive, foi o primeiro sinal de reação de uma França renovada e promissora. Dois anos depois, na Eurocopa disputada justamente nos gramados franceses, a seleção confirmou a retomada do bom futebol e foi vicecampeã após derrota na prorrogação para Portugal.
Com Deschamps, a França, que sempre apostou em seus talentos individuais (Just Fontaine, Platini, Zidane...), passou a se destacar pela organização tática e o jogo coletivo. Grande parte da formação de Deschamps foi no futebol italiano, onde ele trabalhou como jogador e técnico na Juventus e importou alguns conceitos para a seleção francesa. Deschamps fez uma espécie de revolução na equipe. Antes, a França era um time veloz e pouco técnico. Agora, valoriza a posse de bola, troca passes com paciência e, assim, costuma correr poucos riscos na defesa.
A Copa do Mundo da Rússia será o próximo passo desse processo de renovação. Se em 2014 Deschamps reclamou da falta de experiência de seus jogadores após a eliminação para os alemães, agora ele tem um grupo mais “rodado”. Para completar, vários bons jogadores surgiram nos últimos anos, casos dos atacantes Mbappé, Dembélé e Coman, do meia Tolisso, do zagueiro Umtiti e do volante Kanté. É neles e, claro, em remanescentes da Copa de 2014, como Griezmann e Pogba, que Deschamps confia para fazer história nos campos russos.
A confiança dos franceses é tanta que, ano passado, o treinador teve seu contrato renovado até 2020, independentemente do que ocorra na Rússia.