BC ‘culpa’ alimentação por descumprimento de meta
A forte queda nos preços dos alimentos em 2017, de 4,85% para alimentação no domicílio, foi o motivo apontado pelo Banco Central (BC) para que a inflação tenha subido apenas 2,95% em 2017. Esse índice, o mais baixo da história do regime de metas de inflação, iniciado em 1999, ficou fora do intervalo perseguido pelo BC para o ano passado, de inflação entre 3% e 6%. Foi a primeira vez que ocorreu descumprimento da meta porque a inflação foi baixa demais – e não alta demais.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, precisou escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para justificar a inflação baixa. Segundo ele, não fossem os alimentos, favorecidos pela supersafra de grãos, o IPCA – o índice oficial de preços – teria subido 4,54% e, portanto, estaria no centro da meta (4,5%).
Goldfajn considerou 2017 um ano positivo para a economia. “Essa queda substancial na inflação levou a uma queda consistente na taxa de juros”, disse, em entrevista à imprensa, em referência ao recuo da Selic (a taxa básica de juros) no ano passado, de 13,75% para 7% ao ano.
“Isso, combinado com outros fatores, propiciou a retomada da economia através do aumento do poder de compra e do consumo. Com isso, a economia reencontrou seu rumo após dois anos de recessão”, defendeu Goldfajn.
“Os preços de alimentos e gasolina serão mais voláteis mês a mês. Vamos olhar qual será a tendência da inflação daqui para frente”, disse. O centro da meta de inflação para 2018 também é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (IPCA entre 3% e 6%).