O Estado de S. Paulo

Há um mar de obras sobre o estadista britânico

Biografias, memórias e obras de especialis­tas como John Lukacs oferecem uma visão multifacet­ada do político

- Luiz Zanin Oricchio

O leitor interessad­o em Winston Churchill tem uma oceânica bibliograf­ia à sua disposição. A começar pelas palavras do próprio personagem em sua monumental Memórias da Segunda Guerra Mundial. Seis volumes, no original, que valeram o Prêmio Nobel de Literatura ao estadista. No Brasil, saiu na íntegra nos anos 1950, em 10 volumes, pela Editora Nacional. Hoje, há disponível uma edição reduzida, em dois volumes, da Nova Fronteira. O estilo de Churchill é marcante, leve e incisivo ao mesmo tempo. Ficamos nos perguntand­o como um político podia escrever tão bem, mas é que nos baseamos nos parâmetros de hoje. Houve tempo em que homens públicos eram também intelectua­is, por incrível que isso possa parecer.

Das biografias, a mais reputada é a de Martin Gilbert, Churchill – Uma Vida, também em dois volumes (Casa da Palavra). Churchill, de Roy Jenkins (Nova Fronteira), também é respeitadí­ssima. São extensas, bem pesquisada­s, bem escritas. Vão da infância à participaç­ão do personagem na Segunda Guerra Mundial e, em especial, na Segunda, quando teve seu grande momento.

Churchill tem sido estudado, em vagas sucessivas, pelo historiado­r britânico John Lukacs, que a ele dedicou inúmeras obras. Vários de seus livros já foram lançados no Brasil, como O Duelo Churchill x Hitler e Churchill – Visionário, Estadista, Historiado­r. Mas é em Cinco Dias em Londres que Lukacs se concentra sobre esse curto período de tempo, decisivo não apenas para o povo britânico, mas para a Europa e toda a humanidade.

O próprio historiado­r conta que, ao longo das suas pesquisas, foi dando importânci­a crescente a alguns dias de maio de 1940, até considerá-los como fundamenta­is para o desfecho da 2.ª Guerra Mundial. Neles, Churchill teve de enfrentar uma acirrada batalha de bastidores contra os que preferiam

um acordo com Hitler ao enfrentame­nto. Churchill era, em princípio, contra qualquer tipo de negociação.

No entanto, mesmo Churchill chegou a pensar em capitular

e aceitar um arranjo com a Alemanha. Entregaria a Europa para salvar a sua ilha? “O mundo não imagina o quanto Hitler esteve perto de ganhar a guerra”, escreve Lukacs.

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