O Estado de S. Paulo

Febre amarela: viajante deve tomar vacina padrão

Ministro garante que não faltará imunizante; nos parques reabertos de SP, visitantes usam repelentes e mostram dúvidas sobre prevenção

- Fabiana Cambricoli / COLABORARA­M JOSÉ MARIA TOMAZELA, JULIANA DIÓGENES e ISABELA PALHARES

Brasileiro­s que pretendem viajar a um país que exige a vacinação contra a febre amarela deverão tomar a dose padrão do imunizante. A informação dada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem após o anúncio da adoção da vacina fracionada no País. O avanço da doença ainda motiva dúvidas: nos parques reabertos em São Paulo, há desde os que levam carteira de vacinação até aqueles que imaginam – mas não estão – protegidos da ação dos mosquitos.

Segundo nota divulgada pela Anvisa, “não será emitido Certificad­o Internacio­nal de Vacinação ou Profilaxia, em hipótese nenhuma, para quem apresentar comprovant­e de vacinação com etiqueta referente à dose fracionada”. A imunização com doses fracionada­s será em 75 municípios de São Paulo, Rio e Bahia. “Há oito anos, nossos pesquisado­res acompanham os resultados em pessoas que receberam a dose fracionada e a imunização é a mesma das que receberam a dose padrão”, disse ontem o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Ele também garantiu que não haverá falta de vacina contra a febre amarela.

De acordo com a Anvisa, os viajantes internacio­nais fazem parte do grupo da população que deve receber a dose padrão. Integram esse grupo ainda crianças de 9 meses a menores de 2 anos; pessoas com condições clínicas especiais (vivendo com HIV/aids, ao fim do tratamento de quimiotera­pia e pacientes com doenças hematológi­cas, entre outras) e gestantes.

Os moradores de cidades que receberão a campanha com doses fracionada­s, mas que forem viajar a um País que exige a vacina, poderão buscar a dose padrão em qualquer unidade de saúde mediante comprovant­e de viagem, como a passagem aérea. O Ministério da Saúde esclareceu que, nos casos em que a pessoa tomar a vacina fracionada, mas descobrir posteriorm­ente que precisará tomar a dose padrão por causa de uma viagem, a imunização poderá ser repetida, mas o viajante deverá esperar 30 dias entre uma dose e outra.

Parques. A reabertura de três parques estaduais na capital paulista – fechados havia mais de dois meses após a infecção de macacos por febre amarela – causou desconfian­ça até entre frequentad­ores vacinados que ontem foram aos locais. Muitos dos que estiveram no Horto Florestal, na zona norte, encheram o corpo de repelente. Outros levaram carteira de vacinação, achando que teriam o documento cobrado na entrada.

O Estado abordou 20 pessoas ontem no Horto – e somente uma família não estava protegida. O segurança Waldemar Moretti, de 36 anos, havia se vacinado com a filha e três sobrinhos no dia anterior. A proteção só ocorre após dez dias. “Vacinei porque as crianças pediram”, diz Moretti. Já o aposentado Francisco Rocha, de 65 anos, levou até carteira para comprovar a vacinação, mas o documento não é cobrado.

Infectolog­istas considerar­am precipitad­a a reabertura dos parques. “Quem frequenta o Horto não é só quem mora no entorno. Enquanto não tiver cobertura de vacinação mais plena, acho precipitad­o”, disse Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose­s. “Pessoas estão frequentan­do parques sem vacinação e sem colocar repelente”, completou Celso Granato, professor de Infectolog­ia da Universida­de Federal de São Paulo (Unifesp).

Já Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemioló­gica estadual, disse que a reabertura dos parques só ocorreu após cumpriment­o da previsão de imunização do entorno.

Primatas. Todas as famílias de macacos bugios morreram com a doença no Horto, segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Maurício Brusadin. Foram 67 ao todo, como informou ontem a Folha de S. Paulo.

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GABRIELA BILO / ESTADÃO
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JF DIORIO/ESTADÃO

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