Febre amarela: viajante deve tomar vacina padrão
Ministro garante que não faltará imunizante; nos parques reabertos de SP, visitantes usam repelentes e mostram dúvidas sobre prevenção
Brasileiros que pretendem viajar a um país que exige a vacinação contra a febre amarela deverão tomar a dose padrão do imunizante. A informação dada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vem após o anúncio da adoção da vacina fracionada no País. O avanço da doença ainda motiva dúvidas: nos parques reabertos em São Paulo, há desde os que levam carteira de vacinação até aqueles que imaginam – mas não estão – protegidos da ação dos mosquitos.
Segundo nota divulgada pela Anvisa, “não será emitido Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia, em hipótese nenhuma, para quem apresentar comprovante de vacinação com etiqueta referente à dose fracionada”. A imunização com doses fracionadas será em 75 municípios de São Paulo, Rio e Bahia. “Há oito anos, nossos pesquisadores acompanham os resultados em pessoas que receberam a dose fracionada e a imunização é a mesma das que receberam a dose padrão”, disse ontem o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Ele também garantiu que não haverá falta de vacina contra a febre amarela.
De acordo com a Anvisa, os viajantes internacionais fazem parte do grupo da população que deve receber a dose padrão. Integram esse grupo ainda crianças de 9 meses a menores de 2 anos; pessoas com condições clínicas especiais (vivendo com HIV/aids, ao fim do tratamento de quimioterapia e pacientes com doenças hematológicas, entre outras) e gestantes.
Os moradores de cidades que receberão a campanha com doses fracionadas, mas que forem viajar a um País que exige a vacina, poderão buscar a dose padrão em qualquer unidade de saúde mediante comprovante de viagem, como a passagem aérea. O Ministério da Saúde esclareceu que, nos casos em que a pessoa tomar a vacina fracionada, mas descobrir posteriormente que precisará tomar a dose padrão por causa de uma viagem, a imunização poderá ser repetida, mas o viajante deverá esperar 30 dias entre uma dose e outra.
Parques. A reabertura de três parques estaduais na capital paulista – fechados havia mais de dois meses após a infecção de macacos por febre amarela – causou desconfiança até entre frequentadores vacinados que ontem foram aos locais. Muitos dos que estiveram no Horto Florestal, na zona norte, encheram o corpo de repelente. Outros levaram carteira de vacinação, achando que teriam o documento cobrado na entrada.
O Estado abordou 20 pessoas ontem no Horto – e somente uma família não estava protegida. O segurança Waldemar Moretti, de 36 anos, havia se vacinado com a filha e três sobrinhos no dia anterior. A proteção só ocorre após dez dias. “Vacinei porque as crianças pediram”, diz Moretti. Já o aposentado Francisco Rocha, de 65 anos, levou até carteira para comprovar a vacinação, mas o documento não é cobrado.
Infectologistas consideraram precipitada a reabertura dos parques. “Quem frequenta o Horto não é só quem mora no entorno. Enquanto não tiver cobertura de vacinação mais plena, acho precipitado”, disse Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. “Pessoas estão frequentando parques sem vacinação e sem colocar repelente”, completou Celso Granato, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já Regiane de Paula, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica estadual, disse que a reabertura dos parques só ocorreu após cumprimento da previsão de imunização do entorno.
Primatas. Todas as famílias de macacos bugios morreram com a doença no Horto, segundo o secretário estadual do Meio Ambiente, Maurício Brusadin. Foram 67 ao todo, como informou ontem a Folha de S. Paulo.