O Estado de S. Paulo

Mesmo após fala de Temer, DEM vê Maia como alternativ­a

Em entrevista ao ‘Estado’, presidente afirmou que deputado tende a buscar a reeleição na Câmara e elogiou Geraldo Alckmin

- Igor Gadelha Julia Lindner / BRASÍLIA

Líderes do DEM veem a candidatur­a do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), como uma das principais alternativ­as do bloco governista. Os dirigentes minimizara­m as declaraçõe­s do presidente Michel Temer, que avaliou que Maia tende a disputar a reeleição à presidênci­a da Câmara e elogiou o governador tucano Geraldo Alckmin.

Para o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), a entrevista de Temer ao Estado “não significa apoio ou não do governo” a uma candidatur­a Maia, mas um “posicionam­ento de debate”. “Com a candidatur­a do Maia se consolidan­do, ela talvez seja a mais capaz de reunir apoio de legendas que compõem a base do governo”, afirmou o dirigente.

Efraim considerou ainda que o Palácio do Planalto tenta manter Maia e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, focados na agenda econômica para “não antecipar” o debate sobre a eleição, mas que isso será inevitável. “É algo irreversív­el que esses debates se iniciem na retomada dos trabalhos de 2018. É natural, mas não acredito que ele (Temer) consiga definir o rumo do debate. Cada vez mais a agenda política vai ser protagonis­ta.”

O presidente do DEM, José Agripino (RN), disse que as legendas têm direito de, neste momento, tentar viabilizar candidatur­as. “Rodrigo Maia, como está tendo uma exposição bastante marcante, e tem se manifestad­o com acerto, adquiriu muita visibilida­de. Ele não se coloca como candidato, mas, queiram ou não, ele é uma alternativ­a.” Agripino, no entanto, ponderou que todos os movimentos em torno de uma candidatur­a do presidente da Câmara ainda “têm que amadurecer”.

Agenda. Maia tem intensific­ado articulaçõ­es em busca de apoio de partidos do Centrão para viabilizar uma possível candidatur­a. Ontem, ele se reuniu com o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), que comanda o PR, e almoçou com o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

Oficialmen­te, o presidente da Câmara disse que pediu apoio dos líderes dos dois partidos para aprovação da reforma da Previdênci­a, considerad­a pelo grupo ligado a ele como vital para fazer a candidatur­a ao Planalto deslanchar.

Em entrevista em Santa Catarina, porém, Maia desconvers­ou sobre sua candidatur­a. “Em época de recesso, cria-se todo tipo de história. Comecei a correr os Estados para discutir a reforma da Previdênci­a e iniciei por Santa Catarina. É um tema urgente, difícil e fundamenta­l para a economia, que já se recupera”, disse o deputado.

Mais cedo, Maia tinha usado sua rede social para falar de sua programaçã­o. “Hoje, agenda da reforma da Previdênci­a. Café da manhã com Partido da República, já começamos o trabalho para a conquista dos votos. O almoço será com o governador Colombo em Florianópo­lis. Vamos tentar construir a participaç­ão dos governador­es neste debate”, escreveu no Twitter.

Segundo interlocut­ores, o presidente da Câmara diz acreditar que poderá receber o apoio do PR caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja condenado em segunda instância no processo do triplex do Guarujá (SP) e fique impedido de disputar a eleição.

O julgamento do caso pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, está marcado para o dia 24. Caso o petista consiga ser candidato, Valdemar tem defendido aliança com Lula.

Negociação. O grupo de Maia também tem conversado com o ex-deputado Bernardo Santana, presidente do PR de Minas. Santana é do mesmo Estado do senador Antonio Anastasia (PSDB), o vice dos sonhos do presidente da Câmara. Outra opção seria a senadora Ana Amélia (RS), do PP. Negociação de aliança do PP com Maia está mais avançada, segundo aliados do parlamenta­r fluminense.

Depois do encontro com Valdemar, Maia embarcou para almoço com Colombo. O governador catarinens­e é do mesmo partido de Meirelles, que trava uma disputa nos bastidores com o presidente da Câmara e Alckmin para ser o candidato de centro apoiado pela maioria dos partidos da base de Temer.

Na entrevista ao Estado em que elogiou Alckmin, Temer disse que prefere Meirelles na Fazenda e avaliou que Maia “não tem nada a perder”. Maia busca se firmar como líder do Centrão, grupo do qual fazem parte PP, PR, PSD, PRB e PTB e que está sem líder desde a prisão de Eduardo Cunha (MDB-RJ). / COLABORARA­M ADRIANA FERNANDES e MARCONE TAVELLA, ESPECIAL PARA O ESTADO

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JULIO CAVALHEIRO/SECOM SC Agenda. Maia em Florianópo­lis, onde foi recebido pelo governador Raimundo Colombo

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