O Estado de S. Paulo

O ‘Dream team’ de Michel Temer falhou

- Adriana Fernandes

Oclima é de total frustração na equipe econômica depois do rebaixamen­to da nota do Brasil pela agência de classifica­ção de risco Standard & Poor’s, o primeiro sob a gestão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Afinal, Meirelles e o seu “dream team” chegaram ao governo com pompa e circunstân­cia com a missão de dar uma direção ao desequilíb­rio estrutural das contas públicas que coloca a dívida em trajetória explosiva.

O time dos sonhos falhou. Ele não pôde fazer muito porque o Congresso não deixou. E o downgrade agora é a prova disso.

É verdade que houve avanços no campo fiscal com a correção de rumos dos subsídios, aprovação do teto de gastos, queda da inflação e dos juros para patamar histórico.

Faltou, no entanto, uma direção capaz de mostrar que o déficit fiscal, que ronda R$ 120 bilhões a R$ 157 bilhões, poderá ser reduzido, garantindo que o teto de gasto – a principal medida da equipe de Meirelles – ficará em pé.

O Palácio do Planalto, os aliados políticos, o Congresso, a burocracia estatal da elite de servidores e tantos outros adversário­s do ajuste fiscal não deram trégua. As pressões só aumentaram, na reta final do ano passado, numa sequência de medidas de perda de receita e expansão das despesas. Um cenário que lembra muito o ano de 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff agravou de vez com as contas públicas em busca da sua reeleição.

A verdade é que não há de fato no grupo político do presidente Michel Temer a convicção da necessidad­e do ajuste fiscal. Só vale mesmo o discurso vazio.

O caminho da austeridad­e fiscal prometido pela equipe do presidente não foi alcançado e a culpa não é só do Congresso, do Judiciário, mas do próprio Temer que não barrou a fome dos seus aliados. Com o duro jogo eleitoral pela frente, o maior desalento é que o alerta do rebaixamen­to não vai mudar essa quadro.

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