O Estado de S. Paulo

Governo e Congresso Nacional fazem jogo de empurra

- BRASÍLIA TOMAZELLI, RENAN TRUFFI, IGOR GADELHA E JULIA LINDER

O Ministério da Fazenda reafirmou o compromiss­o do governo em aprovar medidas de ajuste fiscal, como a reforma da Previdênci­a, depois do rebaixamen­to da nota de crédito do Brasil pela agência de classifica­ção Standard & Poor’s. Segundo a Fazenda, o governo tem tido o apoio do Congresso Nacional para tocar essa agenda.

“Sempre contamos com o apoio e com a aprovação das medidas necessária­s para o País pelo Congresso Nacional e temos certeza que o mesmo continuará a trabalhar em favor das reformas e do ajuste fiscal fundamenta­is para o Brasil”, diz a nota.

Uma primeira versão do comunicado foi divulgada às 20h47 no site do Ministério da Fazenda, mas depois foi retirada. Nessa versão, não constava o trecho acima, que menciona o apoio dado pelo Congresso. A nova versão, que incluiu o parágrafo, foi publicada às 21h01.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o trecho foi incluído a pedido do presidente Michel Temer para tentar apaziguar os ânimos depois que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ao blog do jornalista João Borges, da Globo News, que lamentava a não aprovação das medidas fiscais pelo Congresso Nacional. A declaração de Meirelles, feita antes da divulgação da nota, foi criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Resposta de um candidato, uma pena”, alfinetou Maia, que tem atacado o ministro, de olho nas eleições.

Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDBCE), tentaram retirar do Congresso o peso pelo rebaixamen­to do rating do Brasil. Eles atribuíram a queda à “energia dispensada” pelos parlamenta­res para barrar as duas denúncias apresentad­as pela Procurador­ia-Geral da União (PGR) contra o presidente pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organizaçã­o criminosa. “O que pesou foram duas denúncias que atrasaram a votação da Previdênci­a. De fato, o governo ficou fraco após as denúncias”, afirmou Rodrigo Maia ao Estadão/Broadcast.

“Nós não faltamos com o governo. Muitas vezes ultrapassa­mos nossos limites para entregar o que a equipe econômica pedia. Ninguém pode cobrar o Congresso, nem a equipe econômica, nem o governo, porque o Congresso fez além do dever de casa, mesmo com toda crise econômica, ética e política”, disse Eunício.

O emedebista afirmou que o único item pendente do ano passado entre os pedidos da equipe econômica foi a reforma previdenci­ária, mas criticou a proposta que foi enviada. “O governo mandou um monstrengo com sei lá quantos artigos, quando na realidade precisava apenas da idade mínima e do combate aos privilégio­s”./IDIANA

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