O Estado de S. Paulo

O inchaço das estatais começa a ser enfrentado

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Entre dezembro de 2015 e setembro de 2017, as estatais federais cortaram 43,3 mil vagas, reduzindo seus quadros de pessoal para 507 mil pessoas (–7,9%), segundo o Boletim das Empresas Estatais Federais do Ministério do Planejamen­to. É difícil afirmar se o número atual de funcionári­os já atingiu níveis adequados, mas a decisão de enxugar companhias que, em sua maior parte, foram transforma­das em cabides de emprego entre 2006 e 2015, em gestões lulopetist­as, deve ser vista como passo importante para que elas melhorem seus resultados e ajudem a aliviar as contas fiscais.

Os maiores cortes ocorreram na Petrobrás (23% dos quadros), que chegou a ter 60,7 mil funcionári­os em 2013, sem contar os terceiriza­dos, número reduzido para 46,5 mil no terceiro trimestre de 2017. Nos Correios, a redução foi de 13,6% e o número de empregados caiu para 108,3 mil. Também foi expressiva a supressão de postos na Caixa Econômica Federal (CEF) e, em menor escala, no Banco do Brasil. A economia anual está estimada em R$ 4,9 bilhões, mostrou reportagem publicada pelo Estado.

Tão importante quanto a adequação dos quadros às necessidad­es efetivas das companhias será a decisão política de transforma­r as estatais em empresas “normais”, como as companhias controlada­s por acionistas privados, que não têm nem precisam de acesso a recursos do Tesouro para se manter vivas.

As empresas estatais “estavam infladas”, notou a economista Zeina Latif. Buscar eficiência é natural durante uma crise, acrescento­u. Outro economista, Alvaro Bandeira, observou que mudanças no marco regulatóri­o, como na área de petróleo, favorecera­m o enxugament­o da Petrobrás.

Em geral, a política de cortes nas estatais assemelhou-se à praticada pelo setor privado, incluindo demissões incentivad­as e, portanto, voluntária­s, o que evita ruídos políticos.

A necessidad­e de enxugar o pessoal é atribuída, em parte, ao endividame­nto das estatais. O maior esforço para reduzir dívidas foi da Petrobrás, que responde por 88% das dívidas das estatais (R$ 357 bilhões) e terá de cortálas ainda mais. Segue-se a Eletrobrás entre as mais endividada­s. Mas os resultados das estatais já melhoraram quando se comparam os primeiros três trimestres de 2016 e 2017.

Cortar pessoal é apenas uma entre as muitas políticas necessária­s para ganhar eficiência.

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