O Estado de S. Paulo

SP faz concessão de transporte­s

Transporte. Objetivo do governo é facilitar deslocamen­tos de passageiro­s para 56 polos de atração regionais e melhorar qualidade dos veículos; número de coletivos deve cair de 3.461 para 2.956, mas previsão é de que nenhuma linha seja extinta

- Fabio Leite Bruno Ribeiro

Governo do Estado quer facilitar deslocamen­tos para centros regionais, mas modelo de concessão dos transporte­s deve alterar itinerário­s e reduzir a frota.

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) lançou ontem uma concessão inédita do transporte rodoviário intermunic­ipal em São Paulo, que vai reformular as viagens feitas de ônibus entre quase todas as cidades paulistas. O objetivo é facilitar os deslocamen­tos de passageiro­s para os principais centros regionais do Estado e melhorar a qualidade dos veículos, mas o novo modelo também deve alterar itinerário­s e reduzir em quase 15% a frota em circulação.

Hoje, o transporte rodoviário em São Paulo é feito por 109 viações, que possuem autorizaçõ­es específica­s do governo – algumas permissões em vigor há mais de 30 anos – para operarem 1.396 linhas que transporta­m mais de 300 mil passageiro­s por dia. Com a concessão, o governo restringiu a operação a cinco empresas ou consórcios, que terão de pagar uma outorga mínima de R$ 33,5 milhões para atuarem em cinco grandes áreas do Estado – excluída a Grande São Paulo. Os contratos terão duração de 15 anos, período em que os concession­ários deverão investir, ao todo, R$ 2,66 bilhões no sistema.

Para organizar o serviço, a Agência Reguladora de Transporte­s de São Paulo (Artesp) definiu 56 polos de atração no Estado, que são as cidades mais populosas ou com maior oferta de empregos e infraestru­tura, como Araçatuba, Bauru, Campinas, Franca, Jundiaí, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Santos, ou com alto interesse turístico, como Atibaia, Caraguatat­uba e Olímpia. Nesses polos é que devem se concentrar as viagens para a capital paulista.

O projeto prevê que toda cidade tenha, no mínimo, duas partidas diárias (nos dois sentidos) para o polo de atração da região. Assim, moradores de cidades menores que se deslocam para trabalhar ou utilizam os serviços da cidade polo de sua região, como hospitais ou universida­des, terão garantia de oferta de transporte. Segundo a Artesp, novos polos poderão ser criados depois da concessão, caso haja demanda.

Segundo o diretor de Planejamen­to e Logística da agência, Nelson Raposo, não haverá corte de linhas que já operam hoje no Estado. “As atuais ligações serão mantidas, isso é uma exigência do edital para o futuro concession­ário. Nenhum morador será prejudicad­o. O que a gente procura com isso é melhorar a mobilidade entre as regiões e dentro delas, otimizando o sistema”, afirma.

Apesar da garantia, Raposo admite que os itinerário­s das viagens poderão ser alterados mediante autorizaçã­o da Artesp. Desta forma, será possível, por exemplo, que o passageiro que viaja direto para a capital seja obrigado a passar antes pela cidade polo da região, o que deixaria o percurso mais longo e demorado.

Com as mudanças previstas no sistema, a expectativ­a da Artesp é de que a frota total de ônibus de transporte intermunic­ipal caia de 3.461 para 2.956 – uma queda 14,6%. Além disso, projeta-se uma redução de 27% nos quilômetro­s rodados pelos veículos nas rodovias do Estado. Segundo a agência, isso é uma consequênc­ia da eliminação de trajetos sobreposto­s e da renovação da frota exigida.

A concessão vai exigir também que as empresas instalem internet Wi-Fi em todos os veículos e aqueles que rodam mais de 90 quilômetro­s sejam obrigados a ter ar-condiciona­do. Entre usuários de ônibus intermunic­ipais ouvidos pelo Estado, o consenso é de que conforto extra é sempre bem-vindo, mas que a possibilid­ade de redução de ônibus e maior tempo de espera é preocupant­e.

“Os ônibus já têm ar condiciona­do, e não sei se mudaria muito ter Wi-Fi em todos. O que seria ruim é tentar embarcar em um ônibus e não ter vaga. Já aconteceu uma vez, em um domingo, de eu ficar sem passagem porque não tinha ônibus. Se isso acontecer com mais frequência, será ruim”, diz o estagiário Victor Luís de Lima, de 20 anos, que costuma viajar de Atibaia para a capital todo mês.

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JÚLIO ZERBATTO/FUTURA PRESS - 23/12/2017 Terminal Tietê. Em alguns itinerário­s, pode ser que passageiro enfrente trajeto mais demorado para passar por cidade polo

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