O Estado de S. Paulo

Delegado é executado no Rio

Fábio Monteiro atuava na Central de Garantias Norte. Polícia suspeita que ele tenha sido vítima de assaltante­s

- Fábio Grellet / RIO

Policiais fazem operação na favela do Jacarezinh­o, a cerca de 800 metros da Cidade da Polícia, na zona norte do Rio, horas depois de o delegado Fábio Monteiro, de 39 anos, ter sido encontrado morto a tiros. O corpo estava no porta-malas de um carro. Testemunha­s disseram que quatro homens participar­am do assassinat­o. Pelo menos 40 suspeitos foram detidos para prestar depoimento, mas até o início da noite o crime não havia sido esclarecid­o.

O delegado Fábio Monteiro, de 39 anos, foi encontrado morto a tiros dentro do porta-malas de um carro, no início da tarde de ontem, perto da Central de Garantias Norte, na Cidade da Polícia, na zona norte do Rio, onde trabalhava. Logo após o crime, policiais iniciaram uma operação na Favela do Jacarezinh­o, a cerca de 800 metros da Cidade da Polícia, e em outras comunidade­s da região. Houve tiroteios, mas até as 21 horas não havia registro de feridos. Mais de 40 suspeitos foram detidos e conduzidos para prestar depoimento.

O corpo de Monteiro estava em um Chevrolet Cobalt preto abandonado na Avenida Dom Helder Câmara, perto do Viaduto de Benfica. No veículo havia uma credencial de um evento jurídico e o distintivo da Polícia Civil que pertencia ao delegado.

Pedestres contaram ter visto quatro homens saindo do veículo e correndo na direção das Favelas do Jacarezinh­o e do Arará, que são próximas. As testemunha­s, então, avisaram PMs, que encontrara­m o corpo do delegado no porta-malas. O caso está sendo investigad­o pela Delegacia de Homicídios do Rio.

Monteiro foi visto pela última vez saindo da Cidade da Polícia para almoçar. Informaçõe­s preliminar­es indicam que ele teria sido vítima de assaltante­s, em uma área conhecida como Buraco do Lacerda. Não se sabe se ele reagiu ou se os ladrões descobrira­m tratar-se de um policial. Monteiro teria sido levado para a favela e morto a tiros. Em seguida, o corpo foi abandonado no porta-malas do Cobalt.

Na Cidade da Polícia, o clima era de espanto e tristeza. Mais de 150 policiais se mobilizara­m em busca de informaçõe­s sobre o crime. “Toda ação contra agente público é um atentado, um tiro contra a democracia. A Polícia Civil não vai descansar enquanto não colocar as mãos nos criminosos. É uma resposta para a sociedade, e acima de tudo para o crime”, disse o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá.

História. Monteiro era casado e tinha dois filhos. Ingressou na Polícia Civil do Rio em 2014 e atuava como professor de Direito Penal e Direito Processual Penal em um curso preparatór­io para concursos da Polícia Civil. Anteriorme­nte, fora policial federal. Era faixa preta de jiu-jítsu. No fim de 2017, Monteiro escreveu em sua conta na rede social Instagram: “Foi um ano difícil, principalm­ente na área de segurança pública: salários atrasados e morte de colegas (alguns amigos), mas chegamos até aqui e sobrevivem­os.”

 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO ??
WILTON JUNIOR/ESTADÃO
 ?? WILTON JUNIOR/ESTADÃO ?? Após crime. Policiais fazem operação no Jacarezinh­o
WILTON JUNIOR/ESTADÃO Após crime. Policiais fazem operação no Jacarezinh­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil