Três igrejas são atacadas no Chile antes de visita do papa
Atentados não deixaram feridos; polícia chilena suspeita de grupos radicais da minoria indígena mapuche
Ao menos três Igrejas Católicas foram atacadas com bombas incendiárias na madrugada de ontem em Santiago, a três dias da chegada do papa Francisco ao Chile. Não há registro de feridos nem de grupos que reivindicaram os ataques. Um deles deixou uma ameaça ao pontífice: “A próxima bomba explodirá na sua batina”.
A presidente do Chile, Michele Bachelet, pediu à população que receba o papa argentino em um clima de respeito. A polícia chilena entrou ontem em alerta e desativou outras duas bombas caseiras deixadas perto de templos religiosos durante a madrugada, que não explodiram. De acordo com pesquisa do instituto Latinobarômetro, o Chile é o país sul-americano onde a Igreja Católica é mais malvista.
Os principais suspeitos do ataque são grupos radicais da minoria indígena mapuche, que no passado organizaram pequenos ataques a bomba no país. Panfletos favoráveis à causa indígena foram encontrados perto dos locais dos atentados. Pequenos grupos anarquistas da capital chilena, Santiago, que frequentemente participam de manifestações contra o governo, também são suspeitos e estão sendo investigados.
Preparativos. O subsecretário do Interior, Mahmud Aleuy, visitou ontem duas das Igrejas atacadas nas comunas de Estação Central, Recoleta e Peñalolén. “Sabemos que sempre haverá um grupo ou outro, mas isso é muito estranho, pois não é algo que possamos identificar como sendo de um grupo específico. Na democracia, as pessoas podem se expressar, mas sempre de maneira pacífica e adequada”, disse Bachelet, questionada pelos ataques em uma entrevista de rádio.
Mais de 18 mil policiais participarão da proteção ao papa nas cidades de Santiago, Temuco e Iquique. Temuco, onde o papa deve pedir perdão aos mapuches por crimes durante a colonização espanhola, é o principal foco de atenção. Autoridades chilenas esperam que cerca de 400 mil pessoas assistam a cada uma das três missas e se preparam para a chegada de milhares de turistas peregrinos vindos da Argentina.
De acordo com a projeção do Latinobarômetro, nos dez países da América do Sul, o Chile é o sétimo mais cético em relação ao papa Francisco, onde 44% da população diz confiar no pontífice. Apenas 45% dos chilenos afirmam que são católicos. O país é o mais secular da região, ao lado do Uruguai.
No Peru. Depois de passar pelo Chile, o papa Francisco segue para o Peru, onde permanece de quinta-feira a domingo. Além da capital Lima, o pontífice visitará as cidades de Puerto Maldonado e Trujillo. Autoridades peruanas calculam que a visita de Francisco deve atrair mais de 1 milhão de fiéis e de turistas estrangeiros ao país. /