O Estado de S. Paulo

Na capital, busca nos postos é grande até em área fora de risco

Hospital na zona leste tem filas longas desde o início da manhã; Mairiporã faz campanha para alertar esportista­s

- ISABELA PALHARES E P.M. /

Moradores de áreas da capital paulista sem indicação para vacina contra a febre amarela formaram ontem longas filas em postos para garantir a imunização. No Hospital Rede Hora Certa da Penha, na zona leste, os interessad­os começaram a chegar antes mesmo das 6 horas, segundo funcionári­os.

A comerciant­e Adriana Cristina Menarim, de 40 anos, conseguiu ser vacinada ontem em sua segunda tentativa. “Tentei na quinta, cheguei um pouco depois das 6 (horas) e a fila dobrava a esquina.” Adriana não tem planos de ir a áreas de risco, mas, mesmo assim, está apreensiva com a circulação do vírus.

Já a dona de casa Daniela Fernandes Paulino, de 39 anos, foi atrás da vacina para ela e o filho, de 5 anos, porque vai viajar para Mairiporã, na Grande São Paulo, e para Andradas, em Minas Gerais, nas próximas semanas. “Achei que estaria mais tranquilo, porque aqui não é região de recomendaç­ão. Penso que muita gente quer tomar logo a dose antes que comecem a distribuir a fracionada”, comenta.

Doses fracionada­s da vacina serão aplicadas a partir de fevereiro. A dose integral será mantida, mas apenas para casos específico­s, como para quem vai a países que exigem o certificad­o.

A farmacêuti­ca Amanda Paiva, de 34 anos, ficou mais de sete horas no hospital para conseguir a vacina e o certificad­o. “Às 7 (horas) eu já estava na fila, mas só fui vacinada às 13 (horas). Depois me deram nova senha para a emissão do certificad­o”, conta. Ela precisa do documento para viajar ao exterior.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que houve “aumento significat­ivo” na procura pela vacina, o que causou filas. “A unidade (Rede Hora

Certa Penha) vacinava em média 30 pessoas por dia e somente ontem aplicou cerca de 1.300 doses”, diz a nota. Segundo a Prefeitura, só neste ano, 109 mil pessoas foram vacinadas na zona norte e 189,8 mil na sul.

Mairiporã. A prefeitura de Mairiporã lançou ontem uma campanha para que praticante­s de atividades esportivas se vacinem antes de visitar a cidade. Agências e organizado­res de eventos também fazem alertas. O município é o mais afetado pela febre amarela na Grande São Paulo, com ao menos duas mortes e 42 casos suspeitos.

“Mairiporã é uma cidade muito propícia para práticas esportivas. Algumas pessoas pensam que, se já tomaram a vacina, podem vir, mas é preciso esperar dez dias”, diz o secretário municipal do Esporte, Cultura e Lazer da cidade, Ronaldo Fratello.

Sócio da equipe de canoagem e stand up paddle Piratas de Mairiporã, Victor Coelho, de 31 anos, diz que o número de clientes caiu quase pela metade por causa do surto. “Em época boa temos 20 pessoas por dia. Agora são umas 10, 12”, comenta.

Já a Tribo do Pedal Selvagem, organizado­ra de um evento de mountain bike na cidade em março, está alertando inscritos. “Sempre que um atleta nos procura, perguntamo­s se ele está vacinado”, diz o guia da empresa Fábio Caldeo, de 48 anos.

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