O Estado de S. Paulo

ITUANO ESCALA SEUS ‘ANJOS DO FUTEBOL’

Idosos vão receber e orientar torcedores em Itu

- Gonçalo Junior

Salette Aparecida de Simone é professora de dança, coreógrafa e bailarina. Aos 70 anos, ela faz um trabalho voluntário em Itu (SP) dando aulas para um grupo de 12 pessoas, também da terceira idade. “A gente dança todos os ritmos”, garante. Na próxima quarta-feira, dia 17, ela vai dar uma pausa nas coreografi­as para ir ao estádio Novelli Junior, na estreia do Ituano no Campeonato Paulista diante do São Caetano. Não é lazer. É trabalho.

Salette faz parte de um programa do Ituano para inserção de pessoas da terceira idade. São os chamados “anjos do futebol”. Resultado de uma parceria do clube com o site MaturiJobs, especializ­ado em ofertas de trabalho para pessoas acima de 50 anos, a ação vai escalar quatro idosos em cada jogo do Ituano como mandante. Depois de um treinament­o, dois homens e duas mulheres serão colocados nos principais pontos de acesso ao estádio para receber e orientar os torcedores. Eles estarão lá também na saída, para agradecer aos fãs pela presença. Os pré-requisitos eram espontanei­dade, alegria e idade acima dos 60. Não era preciso gostar de futebol. “Adoro gente”, diz Salette.

O carpinteir­o João Rafael de Mesquita Silva, de 72 anos, vai se sentir em casa. Cinquenta anos atrás, ele atuou na segunda divisão do futebol mineiro pelo Trespontan­o, time de Três Pontas (MG), onde nasceu. “Sou do esporte”, conta. “Não tenho medo de ir ao estádio. Todo mundo se conhece em Itu. O pessoal brinca que eu podia ser candidato a vereador. Eu vivo cumpriment­ando o povo”, diz.

A questão da segurança é importante. O clube pretende manter o esquema de policiamen­to, mas conta com um histórico favorável. Não existem registros de incidentes nos últimos oito anos. “Estamos levantando uma bandeira. Vamos gerar empatia”, afirma João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia, investidor do Ituano.

A presença dos idosos no estádio faz parte do projeto “Ituano. Mais que futebol”, que pretende engajar jogadores e a comunidade em torno de um novo posicionam­ento. O uniforme, por exemplo, vai trazer os valores da agremiação, que caminha para se tornar clube-empresa. Um deles é “pratique a gratidão”.

A experiênci­a é a primeira no futebol para a empresa especializ­ada na inserção dos idosos. “Grande parte dos nossos 70 mil usuários cadastrado­s atua no atendiment­o ao cliente. Mas os profission­ais maduros podem atuar em todas as áreas”, diz o fundador Mórris Litvak.

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GABRIELA BILÓ/ESTADÃO Simpatia. Moacir Diniz, Salette de Simone e João Rafael

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