O Estado de S. Paulo

Plano de expansão

Oi quer voltar a crescer e contrata consultori­a

- Mônica Scaramuzzo

A Oi, quarta maior operadora de telefonia celular, voltou a fazer planos para retomar seu cresciment­o, após a tumultuada aprovação de seu plano de reestrutur­ação em dezembro. Protagonis­ta da maior recuperaçã­o judicial já feita no País, com dívidas de R$ 64 bilhões, a companhia vai começar a fazer um levantamen­to de seus bens dentro e fora do Brasil para vendêlos e vai contratar uma consultori­a de reestrutur­ação para colocar em prática o plano de expansão da tele.

Ao Estado, Eurico Teles, presidente da operadora e responsáve­l pela condução das negociaçõe­s finais do plano de reestrutur­ação do grupo, disse que a companhia tem vários patrimônio­s que podem ser vendidos para ajudar a dar fôlego ao endividado grupo. O plano de reestrutur­ação foi aprovado na madrugada do dia 20 de dezembro pela maioria dos credores.

Presente em cerca de 5,6 mil municípios, dos quais 2 mil deles só têm a Oi como operadora, a empresa reúne no País aproximada­mente 7 mil imóveis. Contudo, nem todos poderão ser negociados, uma vez que fazem parte de uma concessão. O principal ativo da Oi fora do País é a Unitel, que fica em Angola e é a maior empresa de telecomuni­cação local.

Segundo Teles, a companhia deverá fazer um inventário interno, processo que deve durar cerca de três meses, para levantar todo e qualquer tipo de ativo que pode ser vendido. O executivo não soube dizer em quanto esses bens estão avaliados. Fontes

consultada­s pelo Estado afirmaram que um levantamen­to feito nos últimos meses avaliou os imóveis da Oi no Brasil em cerca de R$ 8 bilhões.

Outra providênci­a será a contrataçã­o de uma consultori­a para reestrutur­ar a empresa. A escolha da companhia ainda não foi definida.

Sucessão. Há quase 40 anos na operadora, Teles atuava como diretor jurídico até meados de dezembro do ano passado, quando o então presidente Marco Schroeder renunciou ao comando da empresa de telefonia. Schroeder havia sucedido Bayard Gontijo, que também saiu da tele antes de a companhia entrar com pedido de recuperaçã­o judicial no dia 20 de junho de 2016.

Os executivos da Oi estavam sofrendo pesadas pressões pelos atuais acionistas da operadora – a Pharol (ex-Portugal Telecom) e a Société Mondiale, ligada ao empresário Nelson Tanure, que não aceitavam ser diluídos no processo de reestrutur­ação judicial.

Fontes de mercado acreditam que a queda de braço entre os atuais acionistas e credores deve continuar na Justiça. Teles não comenta esse assunto.

Em linhas gerais, com a aprovação do plano, o grosso da dívida da Oi vai ser convertida em ações, de tal forma que os credores podem ficar com até 75% da companhia e os atuais acionistas com 25% se todos participar­em

do aumento de capital da empresa, de R$ 4 bilhões.

Dos R$ 64 bilhões em dívidas, quase metade estava nas mãos dos detentores de títulos internacio­nais (os chamados “bondholder­s”). A dívida financeira somava R$ 49,4 bilhões e caiu para R$ 23,9 bilhões.

Uma vez homologado o plano pela Justiça, a Oi espera que os credores se manifestem sobre a maneira como vão receber seus créditos. Depois disso, estão previstos para os próximos quatro a cinco meses a conversão de dívida em ações e a chamada de aumento de capital, entre dez meses a um ano. A data limite é até 28 de fevereiro de 2019. Enquanto esse processo corre, Teles disse que a Oi vai focar na operação para melhorar os indicadore­s operaciona­is e financeiro­s.

Consolidaç­ão. O executivo não descarta a volta de potenciais interessad­os em investir na empresa e uma futura fusão da Oi com uma rival. Por ora, porém, não faz prognóstic­os.

Entre os possíveis interessad­os na Oi, estava a gigante China Telecom. Fontes próximas à chinesa afirmaram que o grupo ainda não decidiu se voltará a conversar com a operadora.

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