O Estado de S. Paulo

Menos política na linha do tempo do Facebook

- Pedro Doria

Oresultado concreto da profunda mudança no algoritmo do Facebook, de acordo com um post publicado pelo CEO Mark Zuckerberg, é que vão diminuir as presenças de links para notícias, posts de páginas profission­ais e de marcas. Mais amigos, menos de todo o resto. Zuck não fala, mas a questão é simples: quer menos política.

A pressão sobre o Vale do Silício aumentou desde o Brexit e, principalm­ente, a eleição que levou à Casa Branca Donald Trump. A rede admitiu que houve dinheiro russo na compra de publicidad­e a favor do atual presidente. Há também a questão das notícias falsas que circulam com facilidade.

Para o Facebook, a dor de cabeça é dupla. Há ameaça real de regulament­ação por parte dos governos europeus e, agora, também dos EUA. Ao mesmo tempo, o debate constante sobre política deixa os usuários irritados.

É uma reversão. Nos últimos anos, o Facebook vinha estreitand­o a relação com veículos de imprensa. Seu principal objetivo era aumentar o tempo que seus usuários passavam na rede. Noticiário fazia a rede transborda­r de conteúdo.

Ao tentar esconder o noticiário político, talvez o tempo no Face diminua, mas o bom humor aumente. E, com alguma sorte, a ameaça de regulação seja afastada. Essa é a aposta. As consequênc­ias de mudanças no algoritmo, porém, são imprevisív­eis. Pode ser que o público se mantenha no debate político porque não quer outra coisa. Pode ser que o tempo na rede despenque, e seus executivos voltem atrás.

Pode, até, ser bom para todo mundo. E, com menos tempo dedicado ao Facebook, talvez aumente a circulação pela rede aberta. Como sempre foi da natureza da internet até a imposição do monopólio azul.

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