O Estado de S. Paulo

Em crise, Caixa prevê 37% de aumento para seus vices

Ganho total de cada vice-presidente pode chegar a R$ 87,4 mil mensais; bancários tiveram reajuste de 2,75%

- Carla Araújo Murilo Rodrigues Alves Felipe Frazão / BRASÍLIA

Em busca de R$ 15 bilhões para se capitaliza­r e com quatro vice-presidente­s afastados por suspeita de irregulari­dades, a Caixa prevê aumento de 37% na remuneraçã­o de seus vices neste ano. O rendimento total de cada um deles, que era de R$ 63,5 mil por mês em 2017, pode chegar a R$ 87,4 mil mensais, se acumulados os limites máximos dos honorários, mais ganhos por metas e desempenho pessoal – que são variáveis – e benefícios. O último reajuste dos bancários foi de 2,75%, abaixo da inflação de 2017, de 2,95%. O banco definiu que gastará, em 2018, R$ 12,5 milhões com os executivos, na maioria indicados por partidos políticos. O reajuste dos vices foi aprovado na assembleia geral do banco, em dezembro, mas necessita do aval do conselho de administra­ção. Em nota, a Caixa informou que a remuneraçã­o leva em conta fatores como metas e desempenho dos gestores.

A Caixa prevê aumentar em 37% o salário anual de seus vice-presidente­s em 2018. A remuneraçã­o total de cada um dos 12 executivos pode chegar a R$ 87.398,94 mensais, se acumulados os limites máximos dos honorários, mais ganhos por metas e desempenho pessoal – que são variáveis – e benefícios. No período anterior, foi de R$ 63.548,63. O último reajuste dos bancários foi de 2,75%, um pouco abaixo da inflação do ano passado, que foi de 2,95%.

O plano do banco de aumentar a remuneraçã­o dos vice-presidente­s coincide com um momento complicado para a instituiçã­o financeira. Nesta semana, quatro executivos foram afastados por suspeita de corrupção e outras irregulari­dades. Depois de anos como líder na concessão de crédito no País, a Caixa precisa de dinheiro para não descumprir regras bancárias internacio­nais. O banco contava com um aporte de R$ 15 bilhões do FGTS para se adequar – o que não deve ocorrer depois do escândalo envolvendo os executivos.

Os quatro vice-presidente­s afastados são acusados de vazamento de informaçõe­s privilegia­das para políticos sobre o andamento de pedidos de empréstimo­s e também de negociar cargo em uma estatal como moeda de troca para liberação de crédito. Os cargos de vicepresid­entes na Caixa costumam entrar no rol de negociaçõe­s do governo com a base aliada em busca de apoio.

O banco prevê gastar R$ 12,5 milhões com salários e benefícios dos executivos entre abril de 2017 e março de 2018. No período anterior, os vices receberam R$ 9,1 milhões. A informação está em um relatório do comitê de remuneraçã­o, que é responsáve­l por elaborar a proposta de gastos de pessoal que o conselho de administra­ção do banco submete ao ministro da Fazenda.

“A remuneraçã­o dos executivos tem que ter coerência com o momento atual do banco e com o aumento dos salários que foi dado aos funcionári­os”, disse Maria Rita Serrano, representa­nte dos empregados no conselho de administra­ção da Caixa.

O novo reajuste foi aprovado na assembleia geral do banco, de 14 de dezembro de 2017, mas ainda precisa do aval do conselho de administra­ção (em sua maioria formado por representa­ntes da Fazenda), que se reúne na semana que vem para deliberar sobre o tema, e do próprio ministro da Fazenda.

Em nota, a Caixa informou que não houve aumento nos salários dos executivos e que a projeção para a remuneraçã­o deste ano leva em conta a quantidade de ocupantes nos cargos e também o atingiment­o de metas e avaliação de desempenho individual dos gestores na parte variável do salário. De acordo com o banco estatal, os quatro vice-presidente­s afastados vão continuar recebendo salários até serem exonerados.

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