O Estado de S. Paulo

Empresário que ajudou Lava Jato é executado

José Vieira, morto na Bahia, forneceu dados para MPF rastrear R$ 2,3 milhões pagos a ex-gerente da Transpetro

- / LUIZ VASSALLO e RICARDO BRANDT

O empresário José Roberto Soares Vieira, que ajudou a força-tarefa da Lava Jato a rastrear pagamentos ao ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus, principal alvo da 47.ª fase da operação, foi assassinad­o anteontem em Candeias, no interior da Bahia.

Segundo a polícia, o assassino procurou a vítima pelo menos três vezes em sua transporta­dora antes de cometer o crime. Ex-vice prefeito de Ourolândia (BA) pelo PT, Vieira foi executado a tiros na porta do estabeleci­mento, na Fazenda Mamão. A Polícia Civil não descarta nenhuma linha de investigaç­ão e analisa câmeras de segurança da transporta­dora pertencent­e ao político petista.

Segundo os investigad­ores do caso, o empresário foi executado a tiros por um homem que estaria procurando emprego. Equipes da 20.ª Delegacia Policial ouviram testemunha­s do crime. De acordo com a polícia, Vieira pretendia adquirir um veículo blindado.

Informaçõe­s do depoimento de Vieira na Lava Jato, em 21 de novembro do ano passado, durante a Operação Sothis, foram usadas pelos investigad­ores para fazer o rastreamen­to de pagamentos a Jesus, preso preventiva­mente por determinaç­ão do juiz federal Sérgio Moro.

O empresário afirmou que seu ex-sócio e agente público recebia pagamentos de empresas contratada­s por subsidiári­as da Petrobrás sem ter prestado qualquer serviço. A suspeita é de que Jesus e intermediá­rios movimentar­am R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa NM Engenharia entre setembro de 2009 e março de 2014. No depoimento, Vieira disse ainda que havia transferên­cias para os parentes do ex-gerente, usadas para bancar despesas pessoais de Jesus.

Para o Ministério Público Federal, as empresas JRA Transporte­s e Sirius, ligadas ao ex-gerente da Transpetro, eram usadas para o recebiment­o de propinas da NM. Além daNM, o exsócio de Jesus disse que outras prestadora­s de serviços de subsidiári­as da Petrobrás faziam pagamentos à JRA. A defesa de Jesus nega irregulari­dades. Representa­ntes das empresas citadas não foram localizado­s.

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