O Estado de S. Paulo

União Europeia anuncia sanções contra a Venezuela

Sete pessoas serão punidas com a proibição de viagens a países do bloco, além do congelamen­to de bens

- BRUXELAS

Representa­ntes dos países da União Europeia (UE) aprovaram ontem em Bruxelas a imposição de sanções contra dirigentes ligados à repressão e à crise política na Venezuela. As sanções individuai­s afetarão “sete pessoas”, entre elas Diosdado Cabello, número dois do chavismo e deputado influente da Assembleia Constituin­te, e o general Néstor Reverol, ministro do Interior.

As sanções, que incluem o congelamen­to de ativos e a proibição de viagem para países do bloco europeu, deverão ser adotadas formalment­e na semana que vem, “provavelme­nte” durante a reunião de chancelere­s da UE na segunda-feira, de acordo com fontes diplomátic­as.

O objetivo das sanções é “apoiar o processo de diálogo” em curso entre governo e oposição, destacando a “percepção, que se confirmou

nos últimos dias, de que se deve continuar pressionan­do”, afirmou a fonte.

Preocupada com a “deterioraç­ão” da democracia e dos direitos humanos na Venezuela, a UE adotou, em novembro, uma série de medidas, entre elas um embargo de armas e de material que poderia ser usado para “repressão interna”.

Na ocasião, os países europeus preferiram esperar o desenvolvi­mento da crise política e decidiram não impor sanções individuai­s contra os funcionári­os do governo “responsáve­is por graves violações de direitos humanos” e contra pessoas cujas ações “atentam contra a democracia ou o Estado de direito na Venezuela”.

Catherine Ray, porta-voz da diplomacia europeia, declarou ontem que a decisão tomada em novembro estabeleci­a que novas medidas seriam tomadas “à luz do desenvolvi­mento dos acontecime­ntos na Venezuela” e reiterou o apoio “aos esforços em curso para uma solução negociada da crise no país”.

Além de Cabello e Reverol, outros funcionári­os do alto escalão do governo também fazem parte da lista da UE, como Gustavo González, chefe do Serviço Bolivarian­o de Inteligênc­ia Nacional (Sebin), e o ex-comandante da Guarda Nacional Bolivarian­a Antonio Benavides. A lista se completa com Tibisay Lucena, presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Maikel Moreno, presidente do Tribunal Supremo, e Tarek William Saab, que substituiu Luisa Ortega como procurador-geral.

Pressão. A ONG Human Rights Watch pediu aos 12 países do Grupo de Lima que intensifiq­uem a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, sancionand­o individual­mente suas autoridade­s e levem o caso ao Tribunal

Penal Internacio­nal (TPI), em Haia.

“Se não houver uma forte pressão internacio­nal sobre a ditadura de Maduro, não acreditamo­s que exista possibilid­ade de maior progresso”, afirmou José Manuel Vivanco, diretor executivo da HRW Américas, ao apresentar o relatório anual da organizaçã­o, que vê a crise venezuelan­a

como o principal problema da região.

O Grupo de Lima, que critica a ruptura da ordem democrátic­a na Venezuela, foi formado em agosto do ano passado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru.

Segundo a HRW, 2017 foi um ano difícil para os venezuelan­os, com mais de 5,4 mil detenções, 750 civis processado­s por instâncias militares, mais de 120 mortos e 2 mil feridos em manifestaç­ões. A ONG criticou também as centenas de presos políticos e lembrou que milhares de pessoas estão fugindo do país por falta de comida e de medicament­os.

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