Carioca acusada de matar marido é extraditada
Primeira brasileira nata a ser extraditada pelo País, a contadora carioca naturalizada americana Cláudia Cristina Sobral, de 53 anos, acusada de assassinar o marido, um militar da Força Aérea dos Estados Unidos, há dez anos, em Ohio, questionará a medida na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Ela desembarcou nos EUA anteontem, em cumprimento a uma decisão inédita do Supremo Tribunal Federal (STF).
A defesa de Cláudia alega que a Constituição Brasileira diz que a perda da nacionalidade não se aplica quando a naturalização se deu para o exercício de um direito civil – no caso de Cláudia, a possibilidade de trabalhar como contadora nos Estados Unidos. Sustenta também que o julgamento do caso deveria ter sido feito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não pelo STF. O advogado Adilson Macabu afirma que o Brasil está sendo “subserviente” aos EUA. Segundo ele, o governo americano tem pressionado o País pela extradição. “O Brasil está de cócoras, para usar uma expressão citada na época do processo de extradição do (ativista italiano Cesare) Battisti. Eu tenho quase certeza de que ela pode aparecer morta lá”, disse ontem.
Alegando violação da Constituição Brasileira, ele irá à Corte Interamericana de Direitos Humanos. O órgão autônomo decide se um Estado-membro violou um direito protegido pela Convenção Americana de Direitos Humanos, depois que o STF apreciar seu recurso, em fevereiro, na volta do recesso da Corte. “Foi uma decisão que vai contra a soberania nacional, uma aberração jurídica, uma piada”, defendeu Macabu.
Segundo o advogado, o casamento entre Cláudia e Karl Hoerig, em 2005, era tumultuado e a mulher sofria agressões. “A relação se deteriorou a tal ponto que é possível que Cláudia tenha atirado nele. Mas ela deve ser julgada no Brasil, pelas leis brasileiras.”
O crime ocorreu em 2007 – Hoerig foi encontrado morto a tiros na casa em que morava com a mulher. Após a morte, Cláudia veio para o Brasil. Ela hoje é casada com um brasileiro e morava em Brasília até ser presa, em abril de 2016. Cláudia se naturalizou americana em 1999, quando foi morar nos Estados Unidos, o que a fez perder a nacionalidade brasileira.