O Estado de S. Paulo

Novo estatuto muda escolha de executivos

Documento deve ser aprovado hoje; processo de seleção será parecido com o de empresas de capital aberto

- Adriana Fernandes Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

Alvo de um grande escândalo, a gestão da Caixa Econômica Federal terá diretrizes de gestão muito parecidas às adotadas pelo Banco do Brasil e outras companhias privadas. Entre as mudanças, a nomeação dos vicepresid­entes deixará de ser uma responsabi­lidade do presidente da República. A mudança estará no novo estatuto do banco que deve ser aprovado hoje em reunião extraordin­ária da Assembleia-Geral da Caixa.

O novo estatuto da Caixa prevê uma reviravolt­a na governança da instituiçã­o financeira, conforme apurou o Estadão/Broadcast. A mudança considerad­a “fundamenta­l” para melhorar a gestão é a regra que prevê que a nomeação dos vices passará a ser responsabi­lidade do Conselho de Administra­ção em processo semelhante ao adotado em empresas de capital aberto.

A proposta de mudança veio do Ministério da Fazenda e do Banco Central e, nas negociaçõe­s, a atual direção da Caixa vinha resistindo à mudança do estatuto. A ampliação da crise envolvendo os executivos do banco, porém, resultaram na inclusão dessa alteração no texto.

Haverá um comitê de indicação que vai liderar o processo de escolha dos nomes em um rito semelhante ao visto nas companhias privadas. Candidatos terão de cumprir alguns pré-requisitos técnicos e o comitê poderá ter auxílio de serviços externos – como consultori­as e empresas de recolocaçã­o de executivos – para selecionar funcionári­os da própria Caixa ou mesmo indicações de fora do banco.

Um dos envolvidos na aprovação do novo estatuto disse, sob condição de anonimato, que “não é qualquer um que poderá sentar nas cadeiras” das vice-presidênci­as.

O conselho de administra­ção da Caixa, que já aprovou esse estatuto no fim de 2017, é presidido pela secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi. O grupo é formado por sete conselheir­os, sendo quatro indicados pelo Ministro da Fazenda, um do Ministério do Planejamen­to, um representa­nte dos empregados e o próprio presidente da Caixa. Os conselheir­os têm mandato de três anos, com direito à recondução por igual período.

Além de Ana Paula Vescovi, o grupo conta com a secretária adjunta de políticas microeconô­micas do Ministério da Fazenda, Priscila Grecov, a conselheir­a fiscal da própria Caixa, Anelize Lenzi Ruas, o conselheir­o da Fundação de Previdênci­a Complement­ar do Servidor Público Federal e do Conselho de Administra­ção da Caixa Participaç­ões, André Nunes, o procurador-geral adjunto de consultori­a e contencios­o tributário da Procurador­ia-Geral da Fazenda, Cláudio Seefelder Filho, a representa­nte dos empregados, Maria Rita Serrano, e o presidente da Caixa, Gilberto Occhi.

O órgão é responsáve­l por decidir as principais diretrizes do banco, com orientação aos negócios, definição das metas para a direção da instituiçã­o financeira e também pelo monitorame­nto e avaliação dos resultados.

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