O Estado de S. Paulo

PIB chinês retoma ritmo de cresciment­o e tem alta de 6,9%

Mesmo com dúvidas sobre os dados do governo, há indícios de aceleração puxada por construção, varejo e exportaçõe­s

- Keith Bradsher THE NEW YORK TIMES TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ /

O ritmo de cresciment­o da economia chinesa acelerou no ano passado pela primeira vez em sete anos, com exportaçõe­s, construçõe­s e gastos em consumo subindo fortemente. Pelo menos, é o que diz o governo. Na verdade, ninguém sabe bem qual é esse cresciment­o. Mas vários indícios sugerem que houve mesmo aceleração, o que pode dar ao governo o espaço de que necessita para fazer frente neste ano ao acúmulo de sérios problemas financeiro­s, ambientais e sociais.

Avaliar o tamanho e a saúde da segunda maior economia do planeta é, na melhor das hipóteses, difícil. Os números oficiais são implausive­lmente estáveis. Funcionári­os de regiões remotas admitem que suas estatístic­as têm erros. Igualmente, analistas do exterior que examinaram os dados chegaram a resultados diferentes – em geral, mais fracos.

O Birô Nacional de Estatístic­as chinês anunciou ontem que a economia cresceu 6,9% no último ano, ante 6,7% em 2016, quebrando um ciclo de desacelera­ção que começou em 2011. No quarto trimestre de 2017, segundo o birô, o cresciment­o foi de 6,8% em relação a um ano atrás.

O fortalecim­ento das exportaçõe­s, das vendas no varejo e do mercado imobiliári­o ajudou a incentivar o cresciment­o, deixando a China em melhor posição para enfrentar problemas que incluem, entre outros, forte cresciment­o da dívida e severa poluição ambiental.

Mas esse cresciment­o saiu caro: tomar mais empréstimo­s desencadeo­u avaliações negativas por parte de agências de classifica­ção de risco; a poluição do ar, água e solo piorou; e dezenas de milhões de trabalhado­res que foram trabalhar em grandes cidades têm de deixar os filhos nas cidades de origem, o que agravou problemas sociais. O presidente Xi Jinping afirmou no 19.º Congresso do Partido Comunista, em outubro, que para solucionar alguns dos problemas crônicos o país deve parar de der ênfase ao máximo cresciment­o econômico a qualquer custo.

Os índices anuais de cresciment­o da China há muito estavam estáveis. Mas os números do quarto trimestre são suspeitame­nte otimistas, diferentem­ente do cresciment­o em igual período de outros países.

Cada vez mais, a China vem admitindo falhas em seus números, particular­mente em dados provinciai­s. A região da Mongólia Interior revelou neste mês que dois quintos da produção industrial anunciada em 2016 não existem. A Província de Liaoning, no nordeste da China, admitiu que turbinou estatístic­as de cresciment­o de 2011 a 2014.

Ning Jizhe, diretor do Birô Nacional de Estatístic­as, disse ontem em Pequim que as discrepânc­ias entre dados provinciai­s e nacionais estão diminuindo. “Dados locais não vão abalar a credibilid­ade das estatístic­as nacionais”, afirmou.

“Dizer que eles mentem ou não é simplifica­r as coisas”, afirmou Pauline Loong, diretora a Asia-analytica, consultori­a de Hong Kong. “Eles definem seus dados de modo diferente, e vão mudando as definições.”

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