Turquia lança operação militar contra milícias curdas na Síria
Desde que os EUA anunciaram a criação de uma força fronteiriça, Ancara já lançou mais de 40 bombas no norte
O ministro de Defesa da Turquia, Nurettin Canikli, afirmou ontem que seu país lançará uma ofensiva contra o enclave curdo de Afrin, no norte da Síria, que há vários dias é alvo de bombardeios turcos. “As redes e os elementos terroristas no norte da Síria serão eliminados. Não há outra solução”, disse Canikli em entrevista à televisão A Haber. “Na verdade, a operação já começou”, admitiu o ministro, ao referir-se aos bombardeios que o Exército turco vem lançando contra os curdos na Síria.
A Turquia anunciou os ataques após criticar duramente o projeto anunciado pela coalizão internacional liderada pelos EUA, no domingo, que propôs a criação de uma força fronteiriça de 30 mil homens no norte da Síria. Para isso, Washington contaria com a participação de membros das Forças Democráticas Sírias, uma aliança de combatentes curdos e árabes dominada pelas Unidades de Proteção do Povo Curdo, uma milícia que o governo turco considera “terrorista”. Na segunda-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a Turquia “cortará pela raiz” essa nova força.
Após o anúncio dos EUA de que pretendiam criar “uma força curda na região” – algo que o secretário de Estado, Rex Tillerson, assegurou que não tinha sido bem explicado –, a Turquia decidiu acelerar seus bombardeios. O Exército turco já lançou mais de 40 bombas contra posições curdas.
Correspondentes da agência France Presse viram ontem um comboio com cerca de 30 ônibus que transportavam soldados com uniforme camuflado na Província de Hatay, na Turquia, rumando para a fronteira com a Síria.
A ofensiva turca abre uma nova frente no conflito sírio e amplia a tensão com os EUA, que se esforçaram nos últimos dias para tranquilizar os turcos, que são membros da Otan e aliados antigos dos americanos.