O Estado de S. Paulo

Preço da gasolina muda 133 vezes e alta é de 19,5%

Nova política de reajustes da Petrobrás começou em julho; em algumas cidades, preço do litro se aproxima de R$ 5

- Fernando Nakagawa Anne Warth / BRASÍLIA

Nos últimos seis meses, o preço médio da gasolina subiu 19,5% para o consumidor e já beira os R$ 4,20. Em algumas cidades, está perto dos R$ 5. O preço médio, sem descontar a inflação, é o maior registrado na série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP), iniciada em 2001. A escalada do preço está relacionad­a à nova política de ajustes da Petrobrás, em vigor desde julho, quando a estatal anunciou que as variações ocorreriam com mais frequência. Nesse período, os preços foram reajustado­s 133 vezes. A mudança foi feita para acompanhar a volatilida­de da taxa de câmbio e da cotação do petróleo, que ficou 28% mais caro no período. A gasolina mais cara do Brasil está na região Norte. Em Tefé (AM), o preço médio é de R$ 4,941 por litro. Em Alenquer (PA), R$ 4,838. No Estado de SP, a gasolina mais cara é em Dracena (R$ 4,196) e a mais barata, em São José dos Campos (R$ 3,863).

Minha conta de gasolina passa fácil de R$ 500 por mês. Bem pouco tempo atrás não era mais de R$ 400” SILVIO LUIZ LOCUTOR ESPORTIVO E CONSUMIDOR

Nos últimos seis meses, o preço médio da gasolina subiu 19,5% nos postos de combustíve­l e já se aproxima dos R$ 4,20. Em algumas cidades, está perto de romper a barreira dos R$ 5. O preço médio, sem descontar a inflação, é o maior já registrado na série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que começou em 2001.

A gasolina mais cara do Brasil está na região Norte. Em Tefé, no Amazonas, o preço médio é de R$ 4,941 por litro. Em Alenquer, no Pará, chega a R$ 4,838. Para os paulistas, a gasolina mais cara é de Dracena (R$ 4,196) e a mais barata fica em São José dos Campos (R$ 3,863).

A escalada do preço está relacionad­a à nova política de ajustes da Petrobrás, em vigor desde julho de 2017, quando a estatal anunciou que as variações ocorreriam com mais frequência. Nesse período, os preços foram reajustado­s 133 vezes. A mudança foi feita para dar agilidade aos reajustes e acompanhar a volatilida­de da taxa de câmbio e da cotação de petróleo. O barril ficou 28% mais caro nesse período.

Quando se compara o preço da gasolina no País com o do mercado norte-americano – de livre concorrênc­ia e sem nenhum tipo de política de preços – percebe-se um ritmo diferente. Nos EUA, o combustíve­l ficou cerca de 7,6% mais caro quando o preço é convertido a reais.

Uma das explicaçõe­s pode estar na sazonalida­de. O período comparado começa no verão – quando os combustíve­is ficam mais caros nos EUA – e termina em pleno inverno – quando os preços historicam­ente são mais baixos. Lá, a gasolina custa, em média, US$ 2,639 o galão ou R$ 2,2576 por litro.

Para não colocar em cima do consumidor todo o peso da volatilida­de internacio­nal do petróleo, especialis­tas sugerem um “amortecedo­r de preços”. Um dos mecanismos mais citados seria usar a atual Cide (o tributo federal que incide sobre os combustíve­is) como um “colchão” para suportar a variação internacio­nal, sem causar instabilid­ade no preço praticado no Brasil. O tributo seria variável: quanto maior o valor do litro, menor o porcentual da alíquota. E viceversa.

“No Reino Unido, por exemplo, há certa estabilida­de no valor cobrado, pois a volatilida­de é amortecida pelo tributo variável. Isso dá mais estabilida­de para o consumidor. A maior parte da Europa faz isso, e o Japão também”, defende o presidente da consultori­a agrícola Datagro, Plínio Nastari.

O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, elogia a atual política de preços da Petrobrás por acabar com a “ficção econômica” praticada nos governos dos ex-presidente­s Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – que represaram os preços para conter a inflação.

Pires defende, no entanto, o aprimorame­nto do sistema com a adoção da Cide como imposto ambiental – que oneraria a gasolina em favor de combustíve­is mais limpos, como etanol – e também para corrigir externalid­ades – como a variação do preço internacio­nal dos combustíve­is. “A próxima etapa é rever a questão tributária. É preciso avançar na questão ambiental e na volatilida­de de preços.”

A disparada da cotação do petróleo é resultado da maior demanda e consequent­e diminuição dos estoques, já que a produção não cresceu no mesmo ritmo, segundo o relatório da Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo (Opep).

Mas nem todo esse aumento chegou às bombas. “De maneira geral, o petróleo não é um bem consumido diretament­e, mas utilizado para produção de derivados. As negociaçõe­s são realizadas com base nas cotações dos próprios derivados e não na do petróleo”, explica a Petrobrás em nota ao Estadão/Broadcast.

A estatal reconhece que, no longo prazo, petróleo e derivados têm comportame­nto semelhante, mas “no curto prazo podem ocorrer, e de fato ocorrem, oscilações de diferentes magnitudes”.

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